Music For 18 Musicians é considerada a obra-prima de Steve Reich e uma das maiores da música minimalista.
Nos anos 60, nos Estados Unidos, uma nova geração de músicos eruditos revoltou-se contra o dogma então vigente da música atonal (tradução: fritaria tão desbragada que não há uma única nota que não nos soe errada). No seu lugar, conspiraram uma nova música: tonal como no passado clássico, mas modernista no seu radical minimalismo.
Music For 18 Musicians, de Steve Reich, é uma das obras-maiores desta tradição, estranha mas bela, repetitiva mas orgânica e comovente. Os pianos, marimbas e xilofones preferem as notas mais agudas, parecendo leves e inocentes, como crianças a chapinhar felizes nas poças. Já os clarinetes baixos são pesarosos, carregando curvados o peso do mundo, com a sua respiração arrastada e ofegante. Toda a peça vive desta luta permanente entre luz e sombra, leveza e peso, inocência e culpa.
Ao princípio tudo parece feito de repetição, um eterno e obsessivo retorno. Mas ouvindo com mais atenção apercebemo-nos das constantes alterações, sorrateiras, quase imperceptíveis; e quando acordamos do torpor já o fio de água desceu para o socalco seguinte. É essa a segunda tensão que atravessa a obra: permanência e mudança. Olhas-te ao espelho hoje e o teu rosto parece igual ao de ontem mas as rugas não aparecem do nada. Tudo permanece para que tudo mude afinal.
Um disco erudito mas acessível, que nos permite armar ao pingarelho sem nos dar muito trabalho. Perfeito para sacar “gaijas” assim a dar “p’ró” intelectual…