Snoop Dogg é um globetrotter veterano. O seu disco de estreia já é do longínquo ano de 1993 e, desde então, tem feito algum do mais inspirado e inesperado hip-hop dos EUA. Começou como Snoop Doggy Dogg, trabalhou com Dr. Dre no disco de estreia deste, é actor (mauzito), produtor, convidado em temas de toda a gente, incluindo a plástica Katy Perry, transformou-se primeiro em Snoop Dogg, depois em Snoop Lion para fazer um álbum de reggae e agora volta a ser Snoop Dogg.
Snoop nunca foi tão genial como Kanye West, nem nunca será tão relevante como Kendrick Lamar (que até entra num tema deste disco). Mas é praticamente idolatrado por todos os habitantes desse mundo chamado hip-hop. A grande vantagem de Snoop, e a sua grande qualidade, é sempre ter tido consciência das suas limitações. Nunca procurou mudar o mundo. Desde que saiu das ruas e abandonou a actividade de chulo e passador de droga, a sua vida parece movida apenas por uma coisa: have a good time.
E é esse o mote deste seu regresso aos discos em nome próprio, com o fresquinho Bush. O álbum é marcado de forma indisfarçável pelo seu produtor, um rapaz de que talvez tenham ouvido falar, de nome Pharell Williams, seu amigo e parceiro de longa data. Nalguns dos temas, Pharell é acompanhado por Chad Hugo, o mesmo dos saudosos N.E.R.D. e Neptunes,que tanto furor fizeram no final da década de 90.
Com convidados tão díspares como Stevie Wonder – na fantástica “California Roll” que abre o disco – e Gwen Stefani, Snoop Dogg traz-nos um álbum de hip-hop descontraído, fresco, veraneante, despretensioso. Se Pharell a solo é demasiado próximo da pop, aqui a junção dos seus poderes ao lado negro de Snoop resulta num óptimo equilíbrio de funk, soul e hip-hop.
Um “feel good record” de um tipo que se recusa a crescer e assina aqui um dos seus discos mais acessíveis. Para aproveitar o sol de Verão que já nos chama para a rua.