Dez canções, meia hora de rock’n’roll, e eis as Sleater-Kinney de regresso aos discos após um hiato de quase uma década. Primeiro grande elogio: No Cities to Love, álbum número oito para as Sleater-Kinney, é como se o trio nunca se tivesse separado. É rock sujo, direto, com conteúdo. É bom, muito bom, quase sempre inatacável.
Corin Tucker, Carrie Brownstein e Janet Weiss são tipas que sabem o que fazem. As canções das Sleater-Kinney aliam jogos de guitarra a um interligar de vozes – tudo isto é rock, tudo isto é belo, e do simples e despojado se fazem cantigas enérgicas, meio caminho entre a agressividade e a doçura. Sempre com pertinência e vigor.
No Cities to Love foi gravado num ambiente de absoluto secretismo. Surge no mercado vinte anos após a estreia das Sleater-Kinney e dez anos após The Woods, último disco antes da dissolução do trio. Carrie Brownstein, vocalista e guitarrista, diz que a banda estava “possuída” quando compôs e gravou o disco. A química é evidente e a produção do colaborador de longa data John Goodmanson apenas adensa a sensação de que a novidade é como se não partisse de uma paragem.
Destacar canções é tarefa ingrata para um trabalho cujo global é maior que a soma das partes. No Cities to Love agarra-nos à primeira mas vai-nos conquistando ainda mais com o passar do tempo e das audições. Como o amor, o rock dá-nos vida. Bem-vindas de novo, Sleater-Kinney.