
O dia não foi particularmente rico em concertos, por óptimas razões. Começámos o dia com uma entrevista longa com Chris Simpson de Mineral – uma das melhores bandas emo de sempre. Já em conjunto com amigos e colegas de profissão, falámos uns minutos com Mark Gardener e Laurence Colbert, de Ride. O mito de que são antipáticos e difíceis é absolutamente mentira: não poderiam ter sido mais amáveis. Seguimos para uma entrevista longa e, francamente, improvável, com Tobias Jesso Jr., um amor de pessoa. Pelo meio, ainda estivemos à conversa com Ariel Pink durante cerca de cinco minutos (preocupado em carregar o telefone e em não ser interrompido para tirar “selfies”) e com Ishmael e Tendai de Shabazz Palaces. E novamente Chris de Mineral, uma presença recorrente no festival.
Julian Casablancas + the Voidz (palco Primavera): O vocalista dos Strokes parece entediado com a vida, reflectindo a atitude no corte de cabelo francamente esquisito e com grande parte dele pintado a encarnado vivo. Isto é apenas uma curiosidade, quando se percebe que os Voidz são uma banda de membros claramente experientes, mas perdidos em palco. Possivelmente, porque as vontades do seu líder não são muito claras.
Tobias Jesso Jr. (palco Pitchfork): Um concerto sensível do excepcional Tobias Jesso Jr., assombrado pela contaminação de som de outros palcos. Sozinho, ao piano ou guitarra acústica, o jovem canadiano aguentou períodos difíceis, particularmente no início e no final do concerto. Pelo meio, a qualidade de som subiu, recompensando um público dedicado e compreensivo, que não se deixou desmotivar pelos evidentes problemas. Numa sala fechada, deve ser considerado obrigatório.
Sleater-Kinney (palco Heineken): Foram competentes e terão sido marcantes para quem as segue há vinte anos. Mas não foram a melhor adaptação de um verdadeiro grupo indie a um palco grande, situação que, quando funciona, se torna pivotante no Primavera Sound. Canções do catálogo novo e antigo, claro, mas que sofreram com a distância e dimensão do palco, tendo dado a sensação de faltar qualquer coisa ao produto final.
Ride (palco Primavera): O muito aguardado regresso de Ride teve razão de ser, tendo os britânicos dado um dos melhores concertos de shoegaze das últimas edições – e estamos a comparar com gente como My Bloody Valentine e Slowdive. O som esteve perfeito e a grandeza dos Ride pôde existir sem limitações.
Ariel Pink (palco Pitchfork): Ariel Pink e deve ser visto ao vivo sempre que possível. Um mestre. A maior parte do alinhamento baseou-se no incrível pom pom, de 2014.
Death From Above 1979 (palco Ray-Ban): DFA1979 é uma banda que se recusa a compreender que teve o pico de criatividade e relevância por volta de 2004-2005, ou seja, há dez anos. Um concerto bom é um concerto bom, e a capacidade da banda é inquestionável. Mas isto deveria ter sido visto e ouvido em 2006, quando decidiram entrar em hiato.
Ratatat (palco Ray-Ban): Aplica-se o mesmo do que a DFA1979, mas com o pormenor importante dos Ratatat terem uma componente de vídeo francamente actual e, diga-se, hilariante. Ratatat não deve ter públicos de 10 mil pessoas em todos os concertos, mas isso faz parte da magia e dos critérios nem sempre compreensíveis de imediato, mas funcionais e estranhamente coerentes, do Primavera Sound de Barcelona.