Savages || Hard Club

Na passada sexta-feira, o Hard Club do Porto abriu os braços a Savages, o quarteto londrino de post-punk que tão bem conhecemos. Com o seu primeiro álbum em 2013, Silence Yourself, vieram também os concertos no Optimus Primavera Sound, no Porto, e no Vodafone Mexefest, em Lisboa. Elas já vieram, já conquistaram, agora só queremos matar saudades.

A Dead Forest Index, a banda de abertura, levantou os ânimos da plateia, apresentando o seu álbum Antique. Esta dupla de irmãos mereceu palmas e um pezinho de dança com a sua sonoridade tão característica e agradavelmente humilde.

Com a sala submersa em murmúrios de antecipação, quatro vultos entram em palco. Faz-se silêncio, como quem sustém a respiração para receber a explosão de som à qual banda londrina já habituou o público português.
Os gritos da plateia acompanham os primeiros acordes de “I Am Here”, que nos prepara e convida para a viagem que só agora começou. Por mais que se tente resistir, a bateria de Fay Milton arranca de qualquer um o Ian Curtis que temos dentro de nós.

Ao contrário de outros concertos da banda, dá-se pela falta do aviso que pede ao público para disfrutar do concerto, silenciando os seus telemóveis. Começa o mar de luz criado pelos telemóveis no ar, enquanto ouvimos a voz da francesa Jenny Beth, rogando “I Need Something New”. Chegou o momento de “Shut Up”, o marcante single do grupo. A troca de energia entre as quatro londrinas e o público era quase palpável e impossível de escapar.
Se Savages é reviver o post-punk com um travo a século XXI, então nada mais perfeito do que uma cover do clássico “Dream, Baby, Dream” do duo Suicide.

Da nostalgia passamos para “She Will”, que cresce como uma raiva que não é nossa, com um fim arrebatador.

Nada nos preparava para o final. A vocalista avisa que precisam do seu tempo e, já a postos, começa “Fuckers”. Termina-se a noite da melhor forma, exaustos mas satisfeitos, como quem sai de uma consulta de terapia onde deu para partir tudo.

Texto: Ana Isabel Dourado || Fotos: Hugo Amaral