Foi um espectáculo de ‘one man show’ consistente que Owen Pallett e a sua pequena banda (baterista e baixista) apresentaram ontem no Lux, para uma sala meio cheia, “composta”, vá, de público atento.
Pallett, anteriormente conhecido como Final Fantasy, já andava há largos minutos pelo palco. Montou o equipamento, descalçou-se, afinou o violino e aqueceu a voz. Apresentou-se, embora não fosse preciso. A plateia estava atenta, tão perto que podia esticar o braço e tocar-lhe. Nos primeiros 20 minutos deixou-se absorver pela mistura equilibrada entre pop electrónica e o violino clássico, com os loops controlados por pedais e crescendos épicos que demonstram bem a experiência de colaboração em cinema. Só então começa a interagir com o público, que se mantém silencioso e atento, fixado na voz cristalina e à espera de reconhecer os maiores “êxitos”, se é que existem.
A plateia reconhece temas como “Song Song Song” mas a música mais pedida – e não tocada, Pallett diz que não se lembra como – é “Odessa”, cover dos Caribou. Brinca e promete, na próxima vez, tocá-la quatro vezes. Quando lhe pedem a “lalalala”, trauteando o refrão de “Songs For Five and Six”, o ‘single’ do seu novo trabalho, In Conflict, que chegou às lojas no dia do concerto, Pallett entra num registo gozão. “Não tocas a lalala”, diz, imitando o público mas acedendo ao pedido.
Engana-se, recomeça, pergunta o que queremos ouvir, como se estivesse a tocar na sala lá de casa. Ao final de 45 minutos decide tocar uns temas sem a pequena banda que o acompanha, no que chamou, de forma irónica, o seu “momento Tori Amos”.
No Lux, brindou ao lançamento, nesse dia, do seu novo disco, com um copo de champanhe, já no ‘encore’ curto, de apenas três músicas. E foi obviamente este trabalho, que chegou às lojas no dia do concerto em Lisboa, que mereceu mais atenção, passando por “The Sky Behind the Flag” ou “Passions”.
Pallett toca violino com os pés e as mãos. Monta o espectáculo completo com três elementos: o violino, que usa como lhe apetece. Toca de forma tradicional, dedilha, martela com violência ou usa como guitarra; o teclado, quer sob a forma de sintetizador quer como piano clássico; os pedais, elemento-chave para que seja possível montar um espectáculo completo só com um homem. E, apesar da semelhança este as músicas e o póprio registo sonoro de Pallett não permitirem nenhum momento “alto” típico de concerto o músico canadiano mostrou-se, neste regresso a Portugal, consistente e maduro.
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(Fotos: Mafalda Piteira de Barros)