Isaiah Mitchell e Black Bombaim: Poucos se perderam no desvio para a Casazul, bem dentro de Barcelos. De pátio cheio, assiste-se a uma jam session de Black Bombaim com Isaiah Mitchell, guitarrista da banda norte-americana Earthless, que irá tocar no terceiro e último dia do Milhões de Festa. Esta comunhão musical não poderia fazer mais sentido. San Diego e Barcelos uniram-se num pequeno cenário íntimo que ainda contou com a participação súbita do saxofonista português Rodrigo Amado. Como não podia deixar de ser, o improviso e o stoner psicadélico subiu a fasquia para o que estava para vir, cimentando o estatuto de Black Bombaim como uma banda que transborda das fronteiras lusitanas.
Lay Llamas: Diretamente de Itália, a electrónica exótica com sabores africanos de Lay Llamas lançou sobre o palco Milhões as primeiras ondas psicadélicas que se prolongaram pela noite dentro. A pulsante mistura entre sintetizadores cósmicos, bateria tribal e um certo funk atravessaram o público, caracterizando um dos momentos revelação do dia.
Equations: Bem que podem começar a ter saudades dos meninos de ouro do math rock português que conheceram em 2012 com Frozen Caravels. Com um novo álbum já no forno, Equations mostram uma nova faceta bem mais tingida de electrónica e cores garridas. A banda portuense faz antever novos rumos num percurso já trilhado de sucesso.
Flamingods: A manta de retalhos sonoros que os Flamingods nos apresentam resulta num pop étnico que nos transporta para um ambiente tribal em plena margem do Cávado. É evidente o primor cénico praticamente inédito no palco Milhões, com membros ornamentados com chapéus hipnotizantes repletos de missangas e lantejoulas, apoiado num cenário igualmente cintilante. Na jovialidade de um rock descomprometido e electrizante, os sons de Flamingods marcaram o seu lugar na noite barcelense.
High On Fire: Estamos num festival que, até à data, sempre apostou numa fusão bastante saudável e democrática de géneros musicais, mas com uma clara forte participação de bandas que se inserem no espectro de metal, sludge e doom. Apesar de este ano não se sentir tanto esse peso, voltou-se a trazer a nata de culto do stoner metal. Não foi preciso uma música para Matt Pike, guitarrista de Sleep, causar o caos no palco Milhões. Os sons pujantes do doom que as guitarras emanavam marcaram o passo para um mosh pit que deixou qualquer um a respirar pó mas a cuspir labaredas.
Teeth of The Sea: Pautado pela batida corpulenta do krautrock, Teeth of the Sea embalaram o público nas melhores ondas de techno que este festival viu. Por entre um diálogo da uma electrónica minuciosa e da uma linha de baixo cavernosa, eram os solos da guitarra de Jimmy Martin que nos deixavam de queixo caído. Apanhando o público de surpresa, não deixaram cair o pó já levantado pelas bestas de High On Fire, dando a Barcelos o verdadeiro clímax da noite.