
Na terceira noite de Jason Urban Routes, um Musicbox compostinho e um grupo simpático de fãs aguardavam ansiosos pela vez de Glass Animals subirem ao palco. Antecedidos por Fujiya & Myagi, o quarteto londrino começou o concerto com mais de uma hora de atraso, já passavam das 02h30 da manhã. Se estávamos fulos? Sim. Se perdoámos? Sim.
Mas quem são estes Glass Animals que nos soam tão bem e nos fazem baloiçar a cintura de forma sensual? Com uma mistura de trip hop, pop eletrónica e grooves de R&B, são, pois, um quarteto de Oxford, liderado por Dave Bayley, que lançaram o seu primeiro EP em 2012 e em 2014 o seu álbum de estreia Zaba.
Zaba é um álbum que podia muito bem ser a banda sonora de um romance escaldante que se calhar acabou mal, mas que foi intenso e rebuscado. É algo digno de audição em repeat porque tem o dom de vos elevar a um plano estranhamente viciante e étereo. Cool, sexy e dark, este disco entrega-nos malhas intrincadamente sedutoras que nos remetem para bandas como Wild Beasts ou Alt-J, mas que não deixam de revelar as boas influências de Radiohead, Flying Lotus ou Massive Attack.
As letras são tão estranhas e complexas como a mistura de sonoridades que encontramos em cada faixa, que mais parecem experiências sonoras que correram muito bem. Parece que estamos perante mensagens codificadas e com a intenção de serem interpretadas apenas por alguém muito cúmplice de Dave Bayley.
A banda estreou-se assim em Portugal na passada sexta-feira, introduzindo o concerto com o EP Psylla, e oferecendo-nos momentos cheios de energia e drama, onde não faltaram as misteriosas e dançáveis «Black Mambo», «Hazey», «Gooey» e «Toes». As minhas favoritas «Wyrd» e «Pools» encerraram o concerto juntamente com um brilhante cover de Kenny West, «Love Lockdown». É por estas e por outras que percebemos que Glass Animals não são só mais uma banda britânica em série, mas uns talentosos senhores.
Nesta oitava edição do Jameson Urban Routes, atrevo-me a dizer que esta é capaz de ter sido uma das grandes surpresas a assinalar no festival e sem dúvida que uma banda a acompanhar.
Só para vos deixar mais curiosos, o vocalista é formado em neurociência e considera que a sua cena é mais música cerebral. E a vossa?
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Fotos gentilmente cedidas por Alípio Padilha