Medeiros/Lucas, Tim Hecker e Moonface. Esta era uma noite diversificada, e plena de contrastes: a dupla Medeiros/Lucas, por exemplo, deu aqui o seu primeiro concerto de sempre. Já o canadiano Spencer Krug, que trouxe até ao Musicbox o projeto Moonface, é um nome marcante do cenário indie, tendo integrado bandas como Sunset Rubdown ou Wolf Parade.
Por partes: Medeiros/Lucas, entrevistados recentemente no Altamont, juntam tradição literária dos Açores a música do presente, por entre explosões amplificadas ou momentos mais serenos. Acompanhados por um baterista e por Óscar Silva (o senhor Jibóia) nas eletrónicas e guitarras, o duo surpreendeu e teve uma estreia auspiciosa. Ninguém sabia ao que vinha e ninguém saiu defraudado. A começar, esperamos, pelos músicos. Valentes!
A seguir, chegou Tim Hecker e a sua eletrónica ambiental e claustrofóbica. O Musicbox ficou quase sem luzes, aparte um pequeno foco no músico. Respeito e silêncio garantiu a Tim Hecker as condições perfeitas para o seu espetáculo. Entrar neste mundo não é fácil. O som é pesado, alto, intenso, não há grandes pausas. Os indefetíveis adoraram, os outros estranharam. Se entranharam ou não, é difícil escrever. Este que vos escreve nem por isso.
E Moonface? Piano e voz, e canções, grandes canções, foi o que Spencer Krug trouxe uma vez mais a Lisboa. Bem disposto, ironiza com o adiantar da hora e com a vontade ou não de um Musicbox cheio querer ouvir músicas para piano. Todos querem, todos respeitam o músico. “Barbarian” é o tema central do espetáculo, mas a hora e pouco de concerto de Moonface revela mais que um músico de temas isolados. Grande concerto.
Fotos gentilmente cedidas por Alípio Padilha