Mother’s Milk é um disco de transição na carreira dos Red Hot Chili Peppers, com novo alinhamento ainda pouco entrosado entre si.
E ao quarto disco os Red Hot tiveram que baralhar e voltar a dar. A morte de Hillel Slovak, com uma overdose de heróina, foi um rude golpe a todos os níveis para Kiedis, Flea e Jack Irons. Kiedis, companheiro de adição de Hillel desapareceu do mapa. Irons decidiu deixar de tocar. Teve de ser Flea a juntar os farrapos da banda, ir buscar Kiedis pelas orelhas, contratar um miúdo de 18 anos que tinha feito audições para o seu projecto paralelo, um tal de John Frusciante e por fim ouvir uns quantos bateristas, e, em desespero, ficar com o último a participar. Ficou assim fechado o novo alinhamento da banda californiana, a escassas três semanas de se juntarem num estúdio para gravar Mother’s Milk.
O disco ressente-se de toda esta novidade, Chad Smith o baterista tinha influências mais heavy metal, enquanto que Frusciante pouco conhecia de funk, pelo que é um disco de afinação de agulhas entre os membros da banda. Viu-se potencial e capacidade para mais, o produtor Michael Beinhorn bem quis puxar por eles, mas precisavam de tempo e não de pressão e como tal o produto final ficou um pouco numa terra de ninguém, onde sobressaem mais as covers do que as canções originais. “Higher Ground” e “Fire”, de Stevie Wonder e Jimi Hendrix, respectivamente, foram reavivadas com aquele toque funk que só os Chili Peppers sabem fazer e foram as que mais atenção cativaram junto do público, que ainda assim cresceu face ao anterior The Uplift Mofo Party Plan (1987). Ainda assim há canções consistentes, como “Knock Me Down” e “Stone Cold Bush”, ainda cativantes e capazes de animar uma pista de dança.
Mother’s Milk não deixa de ter a sua importância, uma vez que foi onde se plantaram as sementes de Blood Sugar Sex Magik, mas vale de pouco mais que isso, sobretudo ouvido a esta distância.