Os Real Estate, agora sem Matt Mondanile, mantêm-se num registo sólido, mas desta vez com menor intensidade que em Atlas.
Esta é um debate recorrente. A determinado ponto de uma carreira, qualquer banda encontra-se com uma bifurcação pela frente, uma apontando numa revolução interna, outra num manter de trabalho bem feito. And now for something completely different vs. em equipa que ganha não se mexe. Kid A vs High Violet. Os riscos da primeira opção são claros, pode acabar por sair um Currents, ou seja, tiro no pé, mas quando corre bem a ovação de pé é quase garantida. Isto para dizer que os Real Estate, mesmo com grandes alterações no lineup da banda, apostou claramente na segunda, manter a fórmula base. Que neste caso, sendo boa, não chateia, apenas deixa um gosto agridoce na boca porque queria mais.
In Mind é portanto uma revisitação ao trabalho anterior da banda. As diferenças notadas são basicamente nos tons da coisa – quando antes cheirava mais a Verão, agora cheira mais a Outono, a introspeção. Perdeu-se alguma energia, ou, melhor acabou a energia, passado que está a necessidade de pico da mesma (os meses quentes) e estamos em modo fim de festa, arrumar o fato de banho, as toalhas de praia, os óculos escuros, e há que, melancolicamente, preparar um novo começo.
Para além de sermos remitidos para uma estação do ano, In Mind remete-nos também para uma determinada época, para um determinado lugar que parece tão, mas tão distante da realidade de 2017, que depois custa a regressar. Ouvir os Real Estate e sentir laivos dos Byrds, dos Beatles (“Two Arrows” poderia muito bem ser uma música de Rubber Soul) faz não querer voltar aos tempos actuais. Fala-se muito (e vai ser alvo de especial este ano no Altamont) do Verão de 67, mas o Outono terá sido com certeza saboroso, tal como In Mind o é.