Os Queens Of The Stone Age (QOTSA) não precisavam de um Mitch Buchannon, mas a verdade é que o toque de midas de Mark Ronson revitalizou o som do grupo. Sem perder a identidade, 2017 dá-nos uns QOTSA mais frescos, mas sempre intempestivos.
Ao sétimo disco, os QOTSA não descansaram e, talvez pela primeira vez na sua carreira, desafiaram verdadeiramente os seus fãs: trazer Mark Ronson para produzir Villains foi um gesto arrojado e difícil de engolir para a falange mais devota do stoner rock que, em parte, sempre caracterizou a banda de Josh Homme. Ronson, mago britânico que em anos recentes trabalhou, por exemplo, com Adele, Rufus Wainwright, Duran Duran, Amy Winehouse ou Paul McCartney, conseguir pegar na sujidade rock dos QOTSA e, sem a desvirtuar, deu-lhe um novo brilho e uma maior ginga – nem todos vão gostar, mas Villains respeita o passado e dá-lhe uma lufada de ar fresco que os QOTSA já precisavam.
Josh Homme gostou de “Uptown Funk”, faixa de Mark Ronson com voz de Bruno Mars, e idealizou uns QOTSA velozes e pesados mas com algum apelo à dança – “The Way You Used To Do”, primeiro single do novo álbum, é o retrato perfeito deste desígnio: canção enérgica, vibrante, de fácil entrosamento mas, ainda assim, esteticamente ampla e complexa. Já o segundo single, “The Evil Has Landed”, baralha o jogo em seis minutos que podiam ter integrado, há algumas décadas, o repertório dos Led Zeppelin.
Villains é um disco de banda, sem truques. Não há o colaborador recorrente Mark Lanegan, não há convidados, há, antes, um toca a reunir onde apenas Mark Ronson teve permissão para entrar. “Head Like a Haunted House” é a mais veloz das faixas (é impressão nossa ou ali a meio até um theremin se ouve?), “Villains of Circumstance” é o final suave da viagem e o elemento que atesta outra impressão do disco: Josh Homme está a cantar melhor do que alguma vez cantou na vida.
Os QOTSA não precisavam de salvação porque a sua carreira rolava bem e sem sobressaltos – mesmo sem nenhum álbum em anos recentes tão celebrado e mediatizado como Songs For The Deaf (2002), o grupo sempre foi um porto seguro para quem procura bom rock, boas canções, velocidade furiosa. Villains não deixa de ser esse espaço para capitães atracarem, mas revitaliza um som muito próprio – tudo com muito respeitinho pelo passado mas atenção particular ao momento presente da música pop/rock.