Há playlists e há playlists… Nesta bela casa a que chamamos de Altamont, ter uma seleção nova de músicas todas as semanas, há muito que se tornou um hábito, um ritual. Saltando de género em género, de inspiração em inspiração, há muito que vos damos música.
Hoje estreamos uma nova modalidade de playlist da semana, as edições especiais, curadas por artistas portugueses, onde vários nomes irão escolher as suas músicas favoritas e explicar o porque de assim o serem. Não mais nos teremos de questionar sobre o que é que os nossos músicos preferidos ouvem.
Começamos com os JUBA, banda portuguesa de rock progressivo/psicadélico que, apesar de só ter ainda um álbum de originais editado, Mynah, promete vir agitar a maneira de se fazer rock em Portugal. Cá ficaremos para o ver…. Mas por agora, fiquem com as suas músicas favoritas:
Miguel Marinho
Duas das minhas escolhas provêm dum interesse relativamente recente que tenho na música dos anos 60/70 feita em países ali da zona do Golfo da Tailândia. Parece que muitos militares americanos e britânicos que passaram por lá trouxeram com eles uns discos de psych/garage rock que acabou por influenciar a música popular que se fazia na Tailândia (de onde é a Petch Phing Thong Band) e no Cambodja (de onde é Ros Sereysothea). Curto bastante e sempre é uma cena que foge um bocado à norma no que toca à música psicadélica, que está muitas vezes associada a outro país oriental, a Índia. A “Baby” é a minha preferida do primeiro disco d’Os Mutantes. A “Give Me The Chance” não é a minha preferida do Dreamin’ Wild mas como a minha preferida também se chama “Baby” resolvi não escolher duas músicas com o mesmo nome. Também é um disco com uma história fixe mas depois da wall of text sobre música tailandesa ali em cima fica para outra altura. A “Head On/Pill” foi para ter uma música que tivesse sido feita há menos de 30 anos. Começa com um riff top e a partir daí são 16 minutos muito bem passados.
Joel Lucas
As minhas escolhas vão desde a livreza Americana beach goth dos The Growlers até ao psicadelismo popular reminiscente do período dos Descobrimentos de Fausto Bordalo Dias. Pelo meio encontra-se a mais bonita canção de amor de sempre, uma oferenda do génio de Brian Wilson e dos restantes Beach Boys. Trago ainda uma pitada de Tropicália a cargo do jardineiro Tom Zé e a antítese sincopal dos Canadianos Each Other. Para terminar, “Premiere Blessure” fruto da colaboração entre Jean-Claude Vannier e Serge Gainsbourg para a banda sonora de Cannabis. Uma sinfonia psicadélica pioneira e o percursor do disco de culto ”Histoire de Melody Nelson”, de Serge Gainsbourg.
João Isaac
O reportório que escolhi vai desde bandas que praticamente ficaram tapadas por outras grandes bandas que existiram naquele anos. The Misunderstood originados da California pelos anos 60, na altura já havia milhares de cenas a acontecer ficando um pouco por trás. Também Bulldog Breed podia ter estado no top mas foi pelo mesmo caminho de Misunderstood, a quantidade de bandas a aparecer nos anos 60 era enorme. Depois ainda passo pelos AKA (Apotik Kali Asin) anos 70, vindos da Indonésia onde lá ficaram como uma das melhores bandas do género.
As minhas outras escolhas são mais recentes e também fazem parte do que ando a ouvir neste momento, Temples lançaram um álbum brutal que superou todas as expectativas a meu ver. Connan Mockasin também lançou um álbum no último ano que também está bom, no entanto esta “It’s Choade My Dear”, para mim, é das melhores.
Tomás Frias
As minhas escolhas obviamente devem-se ao facto de gostar das bandas em questão e o trabalho que têm desenvolvido.
Todas elas começaram por gravar as suas ideias em casa e posteriormente mostrar as suas canções atravéz da net.
De certa forma acabaram por influenciar o tal movimento “Lo-fi” que ouvimos hoje em dia, não sei se o fizeram pelo
simples facto de não terem dinheiro para gravar algo em condições ou por, pura e simplesmente, acharem que a musica soa
melhor em mono, distorcido e com ruido, mas o que é certo, é que entre muitos conseguiram ter algum destaque.
Alguns regravaram canções, como “Julia Brown – Library”, por incrivel que pareça a versão “rasca” soa tão melhor.
Talvez assim encontremos uma explicação para aquilo que fazem.