Nesta playlist oferece-se um bilhete de ida para as sonoridades mais obscuras. O olhar esfumado não é um must, mas convenhamos, é um plus. Esta versão moderna de uma espécie de Expresso do Oriente, construído no e para o matrix não só se desloca a grande velocidade como tem uma trepidação tão intensa que é quase impossível de suportar com os pés cerrados no chão, daí que seja mais fácil tê-los no ar -“kung fu fighting style”, neste futurista autómato velocípede.
Esta megalómana locomotora tem como paragens obrigatórias a Alemanha para uma intensa degustação sonora potenciada pelos pais da música eletrónica, Kraftwerk; passa pela Turquia, aqui representada pelos She Past Away, pela Bielorússia com o trio Molchat Doma, depois a viagem segue para a Rússia com a paisagem sonora oferecida pela dupla IC3PEAK.
França também está no itinerário com a dupla Deux e ainda La Femme.
O agora já não membro da União Europeia, Reino Unido, é o que merece, nesta epopeia discográfica uma paragem mais demorada ou passagem menos acelerada, e surge aqui fortemente representado nesta busca pelo el dorado musical da eletrónica, synthwave, post-punk, pelos incomparáveis Bauhaus, e pelos emblemáticos Depeche Mode e Joy Division, dois projetos que foram “beber muito” aos paizinhos da eletrónica já referidos.
A amplitude sonora britânica mais dark e enigmática surge ainda reproduzida nesta “Egotrip, cabedal, óculos escuros e um clube espelhado – uma viagem” pelos ainda não tão conhecidos The KVB e pelos icónicos (muito subvalorizados) e pouco conhecidos para tanto valor – Cha Cha Cohen.
E é claro, neste curto resumo, não podia faltar The Cure, que imprime sempre aquela aura soturna e sombria a qualquer playlist, e sejamos sinceros, podíamos caminhar numa noite fria de nevoeiro cerrado sem The Cure, mas com os britânicos essa simples caminhada ganha os traços homéricos que deve ter.
Resumidamente: é ouvir para crer.