Tido como o primeiro disco a solo de Roger Waters, apesar de ainda contar com David Gilmour e Nick Mason (Rick Wright fora despedido ainda antes da conclusão do disco anterior, The Wall), The Final Cut foi mesmo o fim da linha para a banda inglesa. O resto da história já é, por demais, conhecida. Gilmour pegaria no nome da banda, tendo gravado dois discos (fracos) com uma pequena ajuda dos outros membros, Rick e Nick e daria centenas de concertos.
Mas voltemo-nos para o disco em questão. Para Waters, a angústia, dor e drama de Wall não tinham sido suficientes. As suas feridas interiores originadas pela guerra que matou o seu pai e consequente alienação não tinham sido curadas. A sequela viria em Final Cut. “Um requiem para o sonho do pós-guerra”, por Roger Waters dizia o disco.
Se The Wall, pese embora fosse uma criação quase 100% de Waters, é uma obra à Pink Floyd, cheia de ornamento, efeitos e grandiosa, Final Cut mostra-nos um lado muito mais cru e vulnerável de Waters, chegando mesmo a ter momentos ternos no meio do lamento de tudo o que a guerra criou e trouxe. Mas a verdade é que, mesmo sendo um trabalho todo feito por e para Waters, à excepção de “Not Now John”, parcialmente cantada por Gilmour, Final Cut é um disco que ganhou valor com o tempo, mais do que qualquer um dos primórdios psicadélicos.
The Final Cut é um disco adulto, com uma mensagem ainda actual e com uma produção fantástica. Pena que a colaboração de Gilmour não tenha sido tão utilizada como se desejaria mas isso seria uma situação quase impossível dada a quase loucura de Waters com o seu trabalho. Não mais a dupla Waters-Gilmour voltaria a colaborar em discos futuros, sendo que a ferida causada pela separação só sararia, parcialmente, em 2005, aquando do evento Live 8, onde os quatros membros voltariam a tocar juntos.
Fiquem, então, com a audição desta semi-ópera rock sobre a guerra, por Roger Waters e companhia.