Na mais recente colecção de psicadelismos dos Pond, temos de tudo: da doçura fab four de “O Dharma” à celebração de “Xanman” e “Giant Tortoise”, a banda australiana traz-nos um dos discos mais refrescantes do ano de 2013. Repleto de momentos de calma e introspecção, Hobo Rocket está constantemente a explodir, sempre tomando a forma de algo maior através do uso de todo o tipo de efeitos e pedais nas guitarras, baixo, teclados (e até sitar, à la George Harrison) que compõem o disco.
A voz que comanda toda a epopeia rock-espacial é a de Nick Albrook – ex-membro dos Tame Impala, de onde saiu pouco antes deste disco ver a luz do dia. E tal como em Tame Impala (projecto de Kevin Parker, produtor de Hobo Rocket), há Beatles, há Led Zeppelin. Mais importante que as influências individuais, há toda uma glorificação do movimento psicadélico dos anos 60/70, que cada vez mais são tidos como a época áurea da música moderna.
Deixemo-nos de referências. Hobo Rocket, ainda que ajudado por propulsores auxiliares, é um foguetão independente. E como tal, só nas mãos de Nick Albrook, Jay Watson, Joseph Ryan, Cam Avery e de uma alargada legião em constante entrada e saída da banda (é essa a magia dos Pond) é que um disco destes seria possível. Disco esse que promete uma viagem sem regresso para bem longe no espaço sideral, sendo mentiroso quem afirma ter regressado.
É viciante e sempre novo a cada audição, ficando com certeza no ouvido os fortes riffs de guitarra que parecem uma provocação para um uso exaustivo das cordas vocais num eventual concerto da banda em Portugal.
O único ponto menos apelativo do álbum é mesmo a faixa homónima, “Hobo Rocket”. Nela, Cowboy John – “artista, místico, viajante, excêntrico e gajo às direitas”, um personagem conhecido na cidade natal do colectivo, Perth (Austrália) – vai à boleia da energia pondiana e desata música fora a falar sobre o “cavaleiro das estrelas” que viaja pelo espaço ao dobro da velocidade da luz.
Convido-vos a entrar no foguetão vagabundo dos Pond, à procura de Deuses, de estrelas, de emoções e de raparigas que rezam pela manhã, ajoelhadas em cabines telefónicas. Não tenham medo da viagem, que o céu está limpo e não se prevêem períodos de turbulência.