Passados pouco mais de dois anos após a morte de Cobain e, consequentemente, o fim dos Nirvana, o mundo começava a mudar, musicalmente falando pelo menos. O rei tinha morrido e nenhum outro era forte o suficiente para reclamar o trono. Para muitos terá sido o fim de uma linha de heróis do rock que tinha acabado e não mais voltou. Foi como que um passagem da monarquia para República. Uma vez dado esse passo já não há volta a dar e o que se verificou foi o início de várias tribos e movimentos mas nenhum com a força suficiente para se proclamar como líder e juntar todos à sua volta. Não houve volta a dar. Os anos 90, aqueles anos 90 tinham acabado e vinha aí outra coisa. E para o bem ou para o mal foi a Britpop que fez essa transição. Oasis, Pulp, Suede, Blur, etc dominavam os tops e a angústia de Kurt já parecia ter sido há séculos. Daí que foi com alguma surpresa que vi surgir este From the Muddy Banks of the Wishkah. Confesso que não lhe liguei quando saiu dado que já tinha carpido quase todas as minhas mágoas com o fim da minha banda favorita e começava a entrar na onda Britpop sem sentir-me como um traidor. No entanto às primeiras audições deste disco todas as luzes voltaram a ligar-se e o sentimento voltou. Eu que tinha sido ávido coleccionador de discos piratas de Nirvana – guardo religiosamente o Nirvana Roma, um dos últimos concertos dados pela banda – foi uma boa oportunidade para ter, finalmente, um disco ao vivo oficial. Não sendo uma selecção perfeita, até porque contem gravações que vão desde 1989 até 1994 o que, faz querer juntar tudo num só disco, acaba por resultar por ir buscar algumas músicas que à partida não entrariam num best of e que representam exactamente o som de Nirvana. Não sendo um disco essencial, é uma boa oportunidade para ouvir a banda como realmente soava ao vivo.
No Ouvido: Nirvana – From the Muddy Banks of the Wishkah (1996)
