Há cerca de um ano começava a fazer-se ouvir, por esses imensos ‘gadgets’ fora, um primeiro “Default”, nada que tivesse que ver com notícias sobre dívida soberana ou empresarial, mas -, e deveras mais interessante -, com os primeiros sons do primeiro álbum de estúdio dos Atoms for Peace. O tema foi disponibilizado para ‘download’, em antecipação a Amok, que seria lançado no final de Fevereiro deste ano.
Projecto liderado por Thom Yorke, aquele-moço-que-é-‘frontman-
O elenco é de respeito e o resultado soa como que a algo de transcendente, onde pravalece a técnica e o domínio da electrónica; tudo muito bem trabalhado em computador, com sons que oscilam entre uma fluidez quase dormente e outros que nos fazem mexer o corpo como se estivemos num processo de auto-desconstrução; e depois há temas com um ritmo mais animado, a lembrar países com climas mais quentes, como “Stuck Together in Peace”.
Amok é um álbum de um rock mais minimal, que segue um fio condutor de intensidade média, baixa; uma pauta ao longo da qual a voz de Yorke vai aparecendo e desaparecendo, quase como querendo que se note a sua presença mas sim incomodar, enquanto a banda segue abstraída, entretida no seu momento experimentalista. “Uma das coisas com que estávamos mais excitados era conseguir no final ter um disco onde não se saberia ao certo onde o humano começa e a máquina acaba”, chegou um dia a dizer Yorke, quando questionado sobre este trabalho.
A música que dá nome ao primeiro disco de estúdio dos Atoms for Peace – que se juntaram inicialmente em 2006 – é o que fecha uma sequência de nove temas, que arranca com “Before Your Very Eyes” e que segue com “Default”, single de estreia.