O terceiro trabalho de estúdio de Michael Kiwanuka, é um dos discos mais bem conseguidos de 2019.
Michael Kiwanuka saiu da obscuridade para o quase estrelato com o seu terceiro trabalho de estúdio, KIWANUKA. O álbum de entoação gospel, cheio de coros soul e um toquezinho de funk, sem esquecer a guitarra, soa bem do início ao fim.
A abrir, temos logo “You Ain’t The Problem”, um dos singles já divulgados e um bom arranque para o que aí vem, cheio de coros e repetições que ficam no ouvido. Este é dos temas mais pop do disco – o que diz muito acerca do trabalho de Kiwanuka. Segue-se logo a excelente “Rolling”, mais soul e rock, um dos temas mais interessantes do disco.
O álbum prossegue, consistente e sólido, fruto também do trabalho de produção do incrível Danger Mouse, que extremou o som de Kiwanuka para um rock de inspiração gospel, alguma psicadelia e um toquezinho suave de hip hop. “Piano Joint (This Kind of Love – Intro” e “Piano Joint (This Kind of Love)” parece saído dos clubes dos anos 40 a soar a balada. Segue-se nova faixa tranquila de piano, “Another Human Being” para logo acelerar de novo em “Living in Denial”, que também roda nas rádios.
Tudo isto pautado pela voz quente de Kiwanuka, que se enquadra perfeitamente nas guitarras distorcidas e nos coros soul. Mas há mais: há cordas, há metais, há até uma harpa, há guitarras à Hendrix e há inspirações de todo o lado.
A inspiração de Hendrix vê-se em “Hero – Intro” e “Hero”, que são o momento alto deste trabalho. A fechar, “Light” faz regressar à calma e deixa brilhar uma guitarra chorosa e a voz quente de Kiwanuka.
Sem dúvida, KIWANUKA é um dos melhores discos de 2019 e uma excelente evolução face aos trabalhos anteriores, menos produzidos e longe de arriscarem tanto. Este é um trabalho intemporal e contemporâneo, um disco que pode não ter sobressaído nos tops e nas referências do público mas que continuará a soar bem daqui a dez anos. Esperamos com curiosidade as próximas surpresas de Kiwanuka.