Partimos rumo ao Coliseu de Lisboa com muitas dúvidas: segunda-feira não é o dia mais propício para romarias dançantes e a popularidade dos Metronomy foi, claramente, subvalorizada pelo autor destas linhas. Bom concerto perante um Coliseu praticamente lotado.
Os Metronomy não são particularmente carismáticos ou talentosos, vivem mais do formato single que do álbum, mas sabem o que fazem: ao vivo, na estreia em nome próprio em Portugal, depois de várias atuações em festivais de verão, o grupo deu um concerto de grande personalidade e entrega, intercalando temas mais conhecidos e dançantes com apontamentos mais intimistas e resguardados.
A tática é relativamente simples: parar pouco para respirar, fazer sobressair o baixo gingão, partilhar com espalhafato esta pop-funk-digital que, surpresa, faz lotar a plateia do Coliseu dos Recreios numa segunda-feira de outubro (vislumbramos apenas algumas aberturas nos camarotes). The Bay, quarta faixa da noite, foi primeiro momento de celebração global e um dos melhores momentos de um alinhamento de cerca de 20 temas.
A pista de dança é onde a sonoridade dos Metronomy melhor se encaixa. Esta é uma sonoridade encorpada, carnal, de proximidade, que ganha na transição de disco para palco – mesmo sem um grande líder ou particular carisma global, ninguém se arrependeu de trocar uma calma noite de segunda-feira por uns valentes passos de dança. Um bom concerto de uma banda que ganhou em saltar dos palcos de festivais para uma atuação em nome próprio.
Fotografia de Arlindo Camacho/NOS ALIVE 2015