Canção do dia

“Margaritas at the Mall” – Purple Mountains

Um dos singles do magnífico álbum homónimo dos Purple Mountains, “Margaritas at the Mall” é uma busca metafísica e uma frustração perante o silêncio de Deus. Quanto tempo poderá este mundo continuar sob a supervisão de um Deus tão subtil, que não fala e apenas de manifesta de forma oblíqua, sem qualquer nova palavra?, pergunta David Berman. A solução? Bem, pouco há a fazer, e a resposta está no templo moderno, um centro comercial, onde a happy hour leva o rebanho a despejar margaritas em busca de um sentido para a vida (ou tentando não pensar muito nele). Esta letra traz a marca de água de Berman, que trata temas essenciais mas sempre com um pé na sarjeta, com a busca pela fé cortada pelo plástico do prosaico dia a dia. Ao contrário de Dylan, grande letrista mas que se vê como um líder, um cronista dos tempos, um comandante de multidões, Berman parte sempre do ponto de vista do indivíduo. Mais, do ponto de vista de um loser, de um falhado. Para nós, de certa forma, isso facilita-nos a identificação, confessamos. Nesta música, como em todo este disco, destaque para a riqueza dos arranjos, parcialmente a cargo dos membros dos Woods, Jarvis Taveniere e Jeremy Earl. Basta ouvir aqueles essenciais trompetes para nos lembrar que Berman era um génio incontornável, sem dúvida, mas que muito do que é este álbum se deve aos seus fiéis companheiros de aventura, que modelaram a visão do mestre para este extraordinário resultado.

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