Enquanto neste site se acha importante promover o já esgotado concerto dos já há muito criativamente esgotados Rolling Stones, lado a lado com a maquineta capitalista do muito venerado festival da Belavista, eu, estando à parte ou não estando à parte, acho bem melhor promover o novo single desta banda de rock que tanto marcou os anos 80 e 90 em Portugal e que, por incrível que pareça, continua a querer e a conseguir ter uma voz entre nós.
O vídeo está feio?
O vídeo está rasca?
Chroma-key da década passada?
Efeitos do Windows Movie Maker?
Mensagem demasiado directa?
Os músicos não têm estilo?
Têm penteados fora de moda?
O Adolfo tem os dentes tortos?
Já substituíam aquela baixista por uma gaja boa com uns Ray-Ban, não…?
Quem é o Art Director desta merda?
De certeza que os Mão Morta podiam ter investido uns bons milhares no vídeo, ter filmado com uma RED, contratar um Motion Designer com qualidade anglo-saxónica e uns figurantes no mínimo mais bonitos.
Mas se estamos a voltar à pobreza, porque havemos de a mascarar no photoshop e na maquilhagem?
Não sei se foi esta a ideia presente neste novo videoclip dos Mão Morta mas se o que figura em mente é que se fodam os miliionários e os politicos e os corruptos, deixemos para eles os ideais de excelência com que desejam edificar o mundo e a vida social. Esta coisa de impingirem até ao mais pobre dos pobres conceitos de beleza que dantes ao menos se limitava apenas a um núcleo dos artistas do bien-vivre já fede. Que se foda então o cortesia nos gestos (sim, matar, porque não? COMO NÃO?), que se foda a educação nas palavras, que se foda o glamour na arte. Sim, principalmente na arte.
Sem saber se daqui a dois meses ainda vou gostar da música, uma coisa é certa: uma homogeneidade rara entre a crueza da letra, da música, do vídeo e do momento, do país, das pessoas.

Boa machadada no RiR e nos velhos Stones e boa promoção e explicação a este novo trabalho dos Mão Morta. A parte da machadada já estava a estranhar não aparecer neste site o tom crítico que o caracteriza e tanto aprecio, a parte da promoção é sempre de valor quando se trata duma banda portuguesa e tão alternativa como a do sr. Canibal, a parte da explicação será sempre necessária para quem não conhece ou percebe a forma conceptual de trabalhar desta banda da qual não consigo ser fã, tamanha é a repulsa que o Adolfo me faz sentir (ou seja, poder-se-á dizer mission accomplished à banda que tenta ser uma espécie de narrador da decadência portuguesa). Continuação de bom trabalho Altamont !