Foi excelente o concerto dos Kraftwerk! Terminou em grande mais uma edição do EDP Cool Jazz!
Fim de julho, fim de festa. A décima sexta edição do EDP Cool Jazz 2019 fechou as suas portas. Guardou para o fim a melhor das prendas, das várias que foram oferecendo nos oito dias principais do evento. Nada poderia superar o concerto 3-D dos míticos alemães Kraftwerk! E assim, todas as autobahns tinham ontem um só destino, o Hipódromo Manuel Possolo, em Cascais. O Altamont muniu-se dos imprescindíveis óculos e pôs-se a caminho para vos contar o que viu e ouviu. O resultado foi o que a seguir se lê.
É claro que os Kraftwerk já não são os mesmos. Quando surgiram, na cidade de Düsseldorf, em 1970, eram quatro. Ainda hoje é esse o número de músicos que formam os Kraftwerk, embora só Ralf Hütter se mantenha firme desde o começo desses idos tempos. Mas isso pouco importa. Quando à hora marcada se ouviu o início de “Numbers”, nada mais interessava a não ser desfrutar do que víamos e ouvíamos. O espetáculo é grandioso, isso já todos sabiam. Mesmo para aqueles que, como nós, já havíamos presenciado a este Katalog, a verdade é que com os Kraftwerk nada pode correr mal. É terreno seguro e bom. Mesmo sabendo que os temas são os mesmos há anos, mas isso pouco importa. Há mais vida nestes homens-máquina do que se imagina. Homens, robots, lendas!
Os primeiros temas do concerto foram autênticas declarações de amor aos computadores, embora com muita ironia à mistura: “Computer World”, “It’s More Fun to Compute”, “Home Computer” e “Computer Love” estiveram em grande destaque de som e imagem. O concerto foi dividido, digamos assim, em fatias temáticas, correspondentes a momentos diferentes da discografia da banda. Depois dos computadores, foi a vez dos homens se fundirem com as máquinas. A sequência é tremenda, com direito a imagens mapeadas de Portugal, Lisboa e do próprio espaço onde decorria o EDP Cool Jazz. “The Man-Machine”, “Spacelab” e “The Model” surgiram de seguida. Foi excelente!
Era tempo de seguir em frente. Dentro do famoso Volkswagen carocha seguimos viagem pela autobahn do momento (onde tudo se faz a guiar – “fahren, fahren, fahren”, que soa ao inglês “fun, fun, fun” – embora a termo saxónico nunca seja verbalizado, como tanta gente erradamente supõe) sem necessidade de cinto de segurança. Quem nos guiou levou-nos a porto seguro.
“Geiger Counter” e “Radioactivity” foi o segmento seguinte, após mudarmos de geografia e de meio de transporte. Duas rodas e em plena velocidade pelo conhecido “Tour de France”. É sabida a paixão de Ralf Hütter por bicicletas e pelo ciclismo, pelo que tivemos direito à etapa completa: “Tour de France”, “Prologue”, “Étape 1”, “Chrono” e “Étape 2”. Ninguém sofreu qualquer despiste ou queda. Tudo perfeito, tudo a rolar.
Nova mudança a caminho. Rendezvous nos Champs-Elysees para se partir de Paris até Viena tendo como destino, estação após estação, a cidade de Düsseldorf, onde Iggy Pop e David Bowie os esperavam. Tudo isto acontece na lendária “Trans-Europe Express”. Ainda nesta parte do concerto, ouviu-se “”Abzug” e “Metal on Metal”.
Com a viagem a chegar ao fim (a do concerto, já não a do comboio), os Kraftwerk ainda tocaram “The Robots”, entrando-se de seguida nos momentos derradeiros, mesclando as musculadas “Boing Boom Tschak”, “Techno Pop” e “Musique Non-Stop”. Depois, um a um, os músicos foram-se despedindo e saindo, até se ouvirem os últimos instantes sonoros do concerto. Mesmo já sem ninguém em palco a música não parava. Metáfora perfeita para o que estes robots sempre representaram.
E assim terminamos como começámos. Chegou ao fim a edição 2019 do EDP Cool Jazz. Fecharam-se as portas: kling klang! Até para o ano.