Dois anos após City Music, Kevin Morby está de regresso com o seu quinto longa-duração. O álbum chama-se Oh My God e explora a ressaca (não) religiosa de Morby.
Kevin Morby já referiu que este seu novo registo acaba por ser algo que é religiosamente… não-religioso e ao longo do disco, esta frase acaba por ser examinada de várias formas e feitios. E aqui há um pouco de tudo. Desde as abreviações de OMG! às intermináveis vezes que Deus é invocado nas redes sociais, o Gospel, as rezas. “Congratulations”, por exemplo, começa com mulheres de várias idades a pedir a Deus por misericórdia. “Sing A Glad Song” evoca as qualidades de (outro Deus) Bob Dylan através de um piano imaculado e “O Behold” fecha o álbum num momento angelical que parece ascender aos céus. Mas também “Hail Mary”, “OMG Rock n Roll” e “Nothing Sacred / All Things Wild” podiam ser mencionadas. Já para não falar da faixa título, “Oh My God” que estabelece o tom para o que se lhe segue. E o que dizer da incrível “Savannah” que começa com a exploração minimalista do orgão de igreja e que traz um Ahh em coro arrepiante.
Oh My God é produzido por Sam Cohen que exalta a voz de Morby para o centro através de uma excelente produção. Cohen abençoa todo o álbum naquilo que Morby acaba por resumir em “Congratulations”: “This life is a killer! / But oh, what a ride! / Just to wake up each morning! / Just to open your eyes!”. E se há alguns discos que se devem ouvir idealmente através de auscultadores, a este deve-se dar a oportunidade de tocar em alto e bom som, quem sabe num sítio que até possa ecoar à vontade.
Resumindo, o sucessor de City Music, um relato de amor à cidade de Nova Iorque, é então um álbum religiosamente não-religioso. Mas também Lou Reed dizia que não era religioso e o seu Deus era o rock & roll. No caso de Morby, o género transcende-se para o folk-rock mas isso dos géneros é um por de menor relevância quando se trata de uma obra divina.