Joni Mitchell a colaborar com Charles Mingus é o casamento perfeito em teoria. Na prática? É a montanha a parir um disco tão fraco que devia ser subterrado por uma avalanche.
O disco – que conta com um elenco de luxo, incluindo Jaco Pastorius, Wayne Shorter, Herbie Hancock e Don Alias – inclui três originais de Mingus, dois de Mitchell, algumas faixas de spoken word e uma versão de “Goodbye Pork Pie Hat”, com letras da autora de Hejira.
Lançado uns meses depois da morte de Mingus, este não é, claramente, um disco daquele que foi talvez o melhor band leader da história do jazz contemporâneo. Onde o baixista era explosão, festa e alegria, Joni arrasta-se e fraqueja. Onde o “Homem Mais Zangado do Mundo” era ponderado e profundo, Joni é superficial. E apesar de ter apurado ainda mais os seus dotes como vocalista, a verdade é que não há uma única faixa que se destaque pela habilidade vocal de Mitchell.
A termos de destacar dois ou três momentos deste álbum – que é o mais dispensável da carreira de Joni Mitchell até ao momento -, optamos por lançar para cima da mesa a “conversa” de abertura do disco, quando se canta os parabéns ao velho baixista, “God Must Be a Boogie Man” (por não se levar demasiado a sério) e “Goodbye Pork Pie Hat”, por fazer uso de uma das mais emblemáticas melodias de jazz de sempre.
A única coisa boa a sair deste disco foi mesmo a digressão que se seguiu e que deu origem a um bom disco ao vivo: Shadows and Light, com uma das melhores bandas a alguma vez ter gravado um disco folk.