Pensar nos bons dias do punk, é sinónimo de Cramps. E Gruesomes. Os canadianos aparecem nos anos 80, na explosão da pop comercial, mantendo-se sempre no registo do punk arrogante, que inicialmente apresentaram com o disco de estreia Tyrants of Teen Trash. Neste álbum, Bobby Beaton lidera uma trupe de músicos que arrasta excelentes temas punk (com um pé no garage-rock) por um terreno arenoso. Pelo meio, ainda apanham influências do surf-rock, que se traduz nos instrumentais de algumas músicas, tal como “I Never Loved Her”.
O que lança esta banda com um som distintamente garage/punk é o tema “Jack The Ripper”, originalmente do grande Screaming Lord Sutch, já usado, abusado e recuperado por enésimas bandas, como os Horrors e The White Stripes. Com a urgente linha de baixo que inicia o tema, e o vocalista que grita numa terrível memória do Estripador, compõe-se em poucos minutos um tema excelente, central no disco, mas que se distancia de toda a aura circundante do mesmo.
“Get Outta My Hair”, “Unchain My Heart” e “Cry in The Night” são talvez dos temas mais imponentes do disco. O primeiro tem algo que nos remete para uma subtil influência dos Doors. “Unchain My Heart” e “Cry In The Night” são músicas que apesar de quase trinta anos passados desde a sua criação, mantém uma actualidade surpreendente. Devido a esta, são temas que poderíamos facilmente atribuir aos jovens FIDLAR, cuja música se encontra num registo semelhante ao dos Gruesomes.
A banda, que tirou o nome da popular série de desenhos animados “The Flintstones” terminaria em 1990, altura em que, citando os próprios, haviam alcançado o máximo de sucesso que uma banda “underground” como eles poderia atingir. Em 2008, com a reedição do disco de estreia em CD, deram um concerto comemorativo, e mais não se ouviu falar dos Gruesomes.
Tyrants of Teen Trash não será de todo um marco inesquecível na música internacional, mas é um disco que de modo inconfundível marca a música canadiana e a História do garage-punk.