
O OUT.FEST é um festival OUT, ainda assim tem anos mais e outros menos. Sobre este é-me difícil falar na sua globalidade uma vez que apenas fui ao dia, ou à noite, de sábado, a noite com mais espectáculos e com mais público, que aconteceu no mesmo local do ano passado, a Associação Desenvolvimento de Artes e Ofícios, ADAO. Como eu não sou do Barreiro e apenas lá vou aquando deste festival em questão, o que parece miserável, dada a proximidade à cidade onde vivo, é-me difícil – outra vez – falar deste espaço que me parece incrível pois não o conheço bem, ainda assim, pode ser que o link deixado em combinação com o adjectivo já utilizado e ainda as fotografias apresentadas, dizia, pode ser que algum leitor sinta o seu apetite aguçado para um dia vir a visitar as instalações – e porque não no seu Open Day a 5 de Novembro?
Obviamente já fartei o leitor e duvido que reste muito mais espaço para deambulações críticas que se querem cada vez mais curtas, cada vez mais incisivas. E para não me acusarem de ser mais canino – ou molar – que incisivo, cá vou eu directo ao assunto:
Foi, diria, um ano mais OUT, no sentido do seu português FORA, não me atrevendo a dizer que isso do OUT é bom ou mau, apenas diferente, e depende cá dos gostos. Onze espectáculos em que apenas dois deles tiveram conjuntos de intervenientes de mais de dois seres humanos. Nada propriamente novo no OUT.FEST mas certamente algo invulgar no panorama dos festivais de música nacionais, não fosse ele denominado com o carimbo de um festival de música exploratória. E assim sendo, esta foi uma noite em que se explorou tanto que no fim de contas ficámos com uma boa metade dos espectáculos em que músicos através – ou atrás – de geringonças electrónicas (computadores, beatboxes, teclados midi, cabos e cabos, eu sei lá, este que escreve não percebe nada disso) se esforçavam para não deixar os espectadores cair na dormência à qual foi sendo difícil resistir à medida que a noite caminhava para o fim. Exigir-se-ia mais diversidades de estilos, será?
Faltando-me o dom da ubiquidade, apenas pude assistir a alguns dos concertos. Desses destaco o Manuel Mota pela sua capacidade de sempre me surpreender, de nunca se repetir, desta vez mais eléctrico, mais electrónico, mais “cósmico”, menos jazz, menos improv, eu sei lá. Uma palavra fica também para os Gume que dá para ver que um dia serão melhores do que hoje em dia são, quando amadurecerem, quando se libertarem um pouco das amarras do funk/groove estilo Miles Davis do fim de carreira e entrarem por uma coisa mais deles. Para os Acid Mothers Temple, um parágrafo próprio:
Blues-metal-psychedelic-cosmic-hard-rock. Avant-garde e primitivo e selvagem e erótico, às vezes introspecção às vezes explosão, às vezes não-sei-o-quê às vezes transe hipnótico, a loucura, o desespero, a demência, a pujança, a boa-disposição, a loucura. Tudo ao mesmo tempo, tudo aparentemente sem controle, tudo sem rei nem roque, regras não entram, tudo vale, até um show de strip de qualidade graciosamente duvidosa. Foram eles próprio, foram bons, foram muito.