Depois de, em 2019, nos ter brindado com o seu primeiro disco a solo, Tiago Esteves ainda tem algo para dizer na música.
Esteves foi uma surpresa em 2019. Não será nunca um disco de massas mas é um bom e intimista pedaço de música. Agora, com O Alpinista, editado em 2022, Esteves comprova que é uma das mais interessantes propostas no folk nacional. Se é que podemos chamar folk, já que o mais correto aqui seria chamá-lo de cantautor.
As canções continuam intimistas e são bonitas composições. Esteves (vocalista dos Trêsporcento) fala de coisas de uma forma simples e consegue passar emoções sem verborreia. Na primeira canção (e faixa-título) metemo-nos na pele de alguém com objetivos. E ainda que nunca sinta o chamamento das montanhas, este é uma sensação com a qual todos nos podemos identificar. Este acaba por ser o grande truque de Esteves, que em nove canções consegue falar de coisas com que todos nos podemos identificar, sem grandes alaridos ou sobreprodução. Neste campo, tudo parece bem medido e com um gosto impecável.
Sente-se este trabalho como um disco onde o autor está confortável, “não me arrependo mais do mal que fiz, é pisar a floresta que me faz feliz”, (A Floresta) sejam as letras autobiográficas ou não, Tiago Esteves consegue interpretá-las convincentemente.
Na altura em que saiu o primeiro disco, confesso que o trabalho de Esteves tocou fundo, na altura em que me mudava de país. Pensei que talvez pudesse ser casual mas com frases neste Alpinista como “para viver não preciso de coragem”, (Que o Mar Leve) chego à conclusão que é mesmo talento do músico, que isto de transformar sentimentos em boas canções tem muito que se lhe diga e Esteves consegue fazê-lo com mestria.
No final é um disco que nos faz pensar mas têm o dom de nos capturar e embalar até ao final e, ainda pior, fazer com que nos sintamos bem connosco.