Vamos por partes, tentando não entrar em detalhes desnecessários: Eef Barzelay é um autor que se divide entre trabalhos a solo, e principal membro do grupo Clem Snide, sendo que ainda toca em algumas outras bandas, ocasionalmente. Mas, sobretudo, dá-me ideia que será sempre um ilustre desconhecido. Nasceu em Tel Aviv, embora tenha ido para os Estados Unidos muito cedo, e por lá foi permanecendo e construindo a sua obra musical. Nomes como Andrew Bird, Will Oldham e Bob Dylan surgem-nos à cabeça quando ouvimos os seus discos, sobretudo aqueles feitos em nome próprio, como é o caso deste fresquíssimo Eldorado 13 Slash 14, último trabalho de uma série de EPs que o músico foi mostrando ao mundo desde 2013. Interessado em aproximar-se do seu (pouco) público, Eef Barzelay teve a ideia de lançar o projeto Eldorado no seu bandcamp, em que por 8 dólares mensais os seus fãs recebem no correio EPs de 3 a 5 canções, algumas delas covers escolhidas por eles mesmos. Com o passar do tempo, uma vez que a ideia não foi abandonada, foram-se avolumando os tais EPs, e o mais recente é uma autêntica maravilha, uma preciosidade. Mais longo do que os anteriores (este apresenta 9 composições), Eldorado 13 Slash 14 tem enchido os meus dias, sobretudo quando pretendo encontrar na música a calma e a tranquilidade que nem sempre a vida nos pode proporcionar. Trata-se de um pedaço sonoro de grande delicadeza, apenas com a voz e a guitarra de Eef Barzelay.
Desta vez, como referi, são 9 as composições (o que, a bem dizer, faz deste trabalho muito mais um álbum do que um EP), e entre elas constam covers de “Maybe I’m Amazed”, de Paul McCartney / Wings e “Heaven”, dos saudosos Talking Heads. Para além destes temas, há ainda vários outros para ouvir, alguns deles instrumentais, todos muito bonitos, sendo que um ou outro é apenas pontuado por vocalizações do cantor, aperfeiçoando os contornos dos esboços de canções que nos apresenta. Tenho ouvido Eldorado 13 Slash 14 em repeat, e não me canso de apreciar o que este disco tem para nos oferecer, sobretudo em momentos como “Now You Kill Me”, talvez o mais sublime de todos. Mas também em “Bioluminescence”, ou “Idle Hour” e “God’s Name Is Jeff”. No entanto, e apesar de o ter feito, gostaria de não particularizar qualquer das 9 composições deste trabalho, uma vez que o seu todo é suficientemente saboroso para não ter de o fatiar nas partes que o compõem.
Talvez depois de ouvirem esta mais recente entrega de Eef Barzelay os leitores deste texto, que eventualmente desconheçam o seu trabalho, possam ficar curiosos e queiram saber um pouco mais da obra deste talento em estado puro. Se for esse o caso, permitam que vos deixe uma ou outra sugestão, que vos apresente dois ou três discos, tanto em nome próprio como em nome da banda de Eef Barzelay, os já mencionados Clem Snide. Começando por estes últimos, não deverão passar por cima de The Ghost Of Fashion (2001) e de The Meat Of Life (2010). Depois, se ficarem com o bichinho, avancem à vossa vontade, por vossa conta e risco. Verão que não se arrependerão. Mas se, por outro lado, optarem pelos discos em nome próprio, o primeiro terá mesmo de ser Bitter Honey (2010), de onde sobressai a imensa canção que é “The Ballad Of Bitter Honey”. Depois, avancem livremente, uma vez que todos os portos onde forem atracar serão bem seguros.
De qualquer das formas, ouvir Eef Barzelay é o que mais importa, e este Eldorado 13 Slash 14 pode muito bem abrir-vos portas e janelas para um horizonte sonoro de enorme riqueza. Aproveitem.
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* no dia em que este texto sair já estará disponível para download o volume Eldorado 15