Escrevi há uns dias um artigo sobre o álbum dos The Kills, onde mencionava o quão fácil é desaparecer nas ondas de um oceano carregado de bandas novas a aparecerem todos os dias, e para o qual também contribui a limitada disponibilidade e infinita oferta com que todos nos debatemos. Pois bem, para os Dinosaur Jr. também se pode tocar neste tema, mas colocando-os no extremo oposto do espectro – no pote de bandas que devem sempre ser ouvidas, não interessa quantos anos passem (e já passam alguns…).
Resumindo um longo historial num breve parágrafo (para quem desconhece), os Dinosaur Jr. formaram-se em 1984, em modo trio J.Mascis, Lou Barlow e Murph, formação que durou apenas 5 anos, mas deixando rasto de influência no rock alternativo americano. Após mais 8 anos em que Mascis carregou com novos parceiros o nome dando também importante contribuição (sendo “Without a Sound” o pináculo deste período) e 10 anos de inactividade, eis que em 2007 se deu a reunião da formação original para a terceira idade da banda. Importa realçar que, ao contrário de muitos que por aí andam, este re-formação não foi meio de ganhar mais uns trocos e dar concertos, mas sim de enriquecer o seu curriculum com mais 4 álbuns (até ver…). E que 4 álbuns senhores! Beyond (2007), Farm (2009), I Bet on Sky (2012) e agora Give a Glimpse of What Yer Not irão constar nos anais da História da Música lado a lado com os trabalhos iniciais da banda, mostrando que a veia criativa está para durar. Farm especialmente, já que demonstrou que o regresso não era para disco único, para além de atirar-nos de volta ao lado mais pesado e sombrio pelos quais a banda era previamente conhecida.
Give a Glimpse of What Yer Not é portanto mais um grande álbum nesta senda, sendo a guitarra de Mascis o grande destaque, sempre bem acompanhada pelo baixo de Barlow, que apresenta também duas músicas suas, “Love is…” e “Left/Right”, que fecha o álbum. Aquele breve segundo inicial de amplificador ligado e de onde se parte para um grande riff na música de abertura, “Goin Down”, logo seguido do single natural do álbum “Tiny” permitem agarrar qualquer fã da banda logo pelos tomates. Propositadamente (ou não), mas seguramente com essa intenção em mente, Mascis partilhou “Solo Extractions”, que não é mais que uma compilação de todos os riffs que toca no álbum, num total de 7 minutos deveras intensos.
E a modos que é isto. Ter 45 minutos de prazer com alguém que merece bem o espaço conquistado no rock alternativo norte-americano sabe sempre bem.