Abertura épica, riff inesquecível, tema bíblico, solo magistral, “Creeping Death” é uma das músicas mais amadas pelos fãs, nos quais me incluo.
Tudo teve origem numa tarde de cinema em que a banda via o clássico Os Dez Mandamentos, filme bíblico dos anos 50 que conta a história de Moisés e o êxodo hebreu do Egipto. Passava a parte das 10 pragas, que culmina com a morte de todos os primogénitos egípcios, quando o saudoso Cliff Burton exclamou “Whoa – it’s like creeping death!” (qualquer coisa como “É tipo morte arrepiante!”). E de imediato a banda começou a trabalhar numa música sobre o tema, tendo como título a expressão espontânea do baixista, com o resultado que qualquer fã de metal reconhece.
Não rara é a utilização do tema como abertura do set nos concertos, sendo garantida a explosão de energia na plateia. Assim que os acordes iniciais se fazem ouvir, um “bruá” gigante eclode dando lugar em seguida a um coro instantâneo, e não tarda a abrir-se um mosh pit. Conta-se a história de Moisés, das 10 pragas e do Anjo da Morte, em verso corrido e de fácil articulação. No pico do rush, atiçando a massa de gente com uma letra poderosa, que incita à libertação e tomada de acção violenta, em uníssono se escutam os brados “Die! Die! Die!” que a multidão entoa em conjunto, sendo por si só um espectáculo dentro do espectáculo.
A canção termina com Kirk Hammett a brindar-nos com um solo virtuoso e exímio, que nos leva de volta ao acorde de abertura. Uma obra prima com um loop perfeito, elaborada por miúdos de 21 anos (em 1984).
Juntamente com “Fade to Black” é um dos porta estandartes de Ride the Lightning e um capítulo incontornável da prolífica obra destes Deuses do Rock que são os Metallica.
Texto de Pedro Sousa Martins