Os Club Makumba fecharam, no Musicbox, as três One Shot Sessions que começaram no final do ano passado, desta vez com o teclista João Gomes como convidado de honra.
Em dezembro do ano passado, os Club Makumba iniciaram uma série de três concertos a que chamaram One Shot Sessions. O local escolhido foi o Musicbox, em Lisboa, e a ideia do projeto era, em cada uma das sessões, ter um músico convidado que, mais do que acompanhar a banda em palco, iria, de improviso, tocar temas novos, ainda em processo de criação. Como se estivessem a ensaiar em estúdio, em pleno momento de composição dos temas.
Ora, se em concerto, os Club Makumba já eram dados à liberdade e ao improviso, nestas sessões a dose de imprevisibilidade seria ainda maior. Até porque a ideia da banda é, neste novo álbum, alargar o espectro de sonoridades e de instrumentos. Por isso, o primeiro convidado foi o acordeonista João Barradas, que se move entre o clássico, o jazz e o improviso; o segundo foi o produtor e DJ Moullinex e o terceiro, o teclista, DJ e produtor João Gomes (dos Fogo Fogo ou Orelha Negra).
Foi nesta última One Shot Session que o Altamont esteve e, de facto, mais do que um simples concerto dos Club Makumba, onde é impossível não dançar ou abanar o corpo, foi um espaço de liberdade criativa, onde se introduziram as especificidades sonoras das máquinas dos anos 2000, que, de repente, nos levavam para psicadelismo dos rock dos anos 1970, onde o improviso se arrastava mas sem cansar. E em vez de apenas dançar, o público entrou em comunhão com a música e com os músicos. Não só porque o espaço assim o permite, mas também porque a banda estava feliz e divertida e, mesmo sem grandes incentivos, conseguiu trazer o público para a festa, a antiga e a nova.
Isto porque a sessão teve como que duas partes. Os primeiras sete temas – na sua maioria do primeiro álbum – foram tocados só com a banda original em palco, ou seja, Tó Trips (guitarra); João Doce (bateria e percussão); Gonçalo Prazeres (saxofones) e Gonçalo Leonardo (contrabaixo e baixo), ainda que com o já habitual espaço para improviso. Entrou depois João Gomes, para apoiar mais temas do primeiro álbum com um toque diferente, às vezes mais mecânico, outras vezes mais melódico. E depois então, no encore – que, na prática foi apenas uma pausa para “urinar” como João Doce fez questão de referir entre sorrisos -, dois temas novos muito livres e improvisados.
Uma pequena mostra de que o novo álbum dos Club Makumba poderá ser muito diferente do anterior, integrando as sonoridades menos clássicas provenientes das teclas e do djing, e até uma maior atenção à produção em estúdio. Na altura, logo se verá.