Quando se cresce numa cidade pequena, como Caldas da Rainha, onde não acontece absolutamente nada, só há duas alternativas: ou um tipo se acomoda à não existência cama-trabalho-sofá; ou um gajo reage, imergindo numa cultura indie de resistência, comendo EPs obscuros dos Parquet Courts e do Mac DeMarco logo ao pequeno-almoço. Para gáudio dos melómanos, os miúdos dos Cave Story escolheram a segunda via.
West, o seu álbum de estreia, é uma pérola arty, cuidadosamente não polida, meticulosamente desleixada. Ponham os Pavement e os Wire numa centrifugadora, uma leve pitada de Sonic Youth no final, e terão uma primeira aproximação ao seu maravilhoso som. Do punk, herdaram o compasso binário da bateria; do pós-punk, o culto do esparso e do dissonante. E, no entanto, são eles próprios: power trio da zona oeste, com guitarras sujas e displicentes em vez de piços das Caldas.
The west is the best. Os Cave Story podem odiar o classic rock, mas o velho Morrison tinha mesmo razão…