Nunca conheci ninguém naquela casa. Apenas a casa, as paredes, as portas e uma certa luz que vinha de dentro, ou de um qualquer lugar indistinto. Negra, soturna, aquela casa sempre me fascinou, embora nunca soubesse bem porquê. As casas são corpos estranhos com vida dentro. São a pele rugosa das famílias expostas ao frio, ao calor, ao vento. Mas aquela casa era diferente. Decadente, lugar de sombras sem alma. Aquela casa tinha algo que as outras casas não mostravam: era a casa dos ausentes, dos fantasmas que imaginava, dos sonhos e pesadelos que eu habitava.
Canção do Dia: Tom Waits – The House Where Nobody Lives
