És um miúdo de 20 anos de Lafayette, Indiana, uma cidade do interior dos Estados Unidos. És o delinquente mais conhecido da tua pequena cidade e, por isso decides mudar-te para Los Angeles, a cidade do pecado, para fugir às autoridades locais.
Mas a verdade é que aquele que na pequena Lafayette eras considerado um delinquente perigoso, em Los Angeles não passa de um miúdo com menos de 60 quilos, o cabelo ruivo grande e uns traços ligeiramente efeminados. “És, basicamente, carne para canhão e a cidade está pronta para te destruir e cuspir.” – terá sido isto que provavelmente Axl Rose terá percebido assim que saiu do autocarro na estação de Greyhound, naquela noite de Dezembro em que chegou pela primeira vez a L.A.
E agora? Já passaram seis anos desde a tua entrada nada triunfal na cidade dos Anjos. Estás numa banda de hard rock que conquistou o mundo, com temas que enchem estádios. Já ninguém se mete contigo nem com o teu cabelo e as miúdas não te largam. O que é que fazes? Vingas-te de todos os que te tentaram lixar! Escreves uma música sobre a tua entrada na cidade, onde tudo te corre mal e todos parecem ser criados para te azucrinarem a porra do (pouco) juízo e vais gravá-la, mesmo cheia de racismo e homofobia. Nem queres saber:
Polícias e “escarumbas”?! Que saiam da tua frente! Os imigrantes e paneleiros?! Não fazem sentido nenhum para ti, só vêm para o teu país para espalhar doenças (leia-se SIDA) e começar guerras.
Agora tens uma guerra lançada contra ti por seres politicamente incorrecto. Os teus colegas de banda bem te tentaram avisar para não publicar a canção, mas tu não quiseste ouvir. Tu és o W. Axl Rose e fazes o que te apetece, quando bem te apetece. Quem não gosta não ouve, quem gosta não liga aos devaneios parvos de um miúdo assustado que queria chamar a atenção. Quem já ouviu o G N’ R Lies sabe que, não fosse esta atitude de rapazinho ofendido, tinhas aqui a melhor música do disco.