Há uns tempos meti-me a fazer um mini-curso no CCB sobre a relação indeleável entre música e cinema. Nele, o histórico e recém falecido Carlos Pontes Leça falou sobre dezenas de filmes, começando o curso por fazer uma importante distinção de forma: há filmes cuja sonoridade serve apenas de fundo, para ter impacto no espectador e nas suas emoções; há outros nos quais a música é parte da acção, do enredo, impactando sim os personagens. Ao ouvir esta segunda fui instantaneamente atirado para o momento chave de “Palombella Rossa”, de Nanni Moretti, em que no meio de um jogo de pólo aquático alguém se lembra de pôr o rádio a tocar com “I’m on Fire”. O impacto é imediato, pára tudo, jogadores, treinadores, público. A ouvir, a deleitar-se, a tentar perceber o que se passa, e mesmo a cantarolar as palavras escritas por Springsteen. Que melhor homenagem se pode prestar a o que quer que seja que dar-lhe a nossa máxima atenção por uns minutos?
Canção do Dia: I’m on Fire – Bruce Springsteen
Alexandre Pires
Nasci em terras de Vera Cruz, decorria ainda a década de 70. De pequenino me apercebi que estava destinado a grandes feitos e quis desde logo deixar a minha marca, começando por atravessar o Atlântico a nado. Dessa experiência guardo sobretudo água salgada nos ouvidos, água essa que me impediu de dar ouvidos ao meu pai que queria fazer de mim engenheiro. Hoje, quando me perguntam a profissão, não sei o que responder. Tenho vários chapéus que vou usando consoante a ocasião, desde economista proeminente a futebolista de sonho, de crítico de música amador a empreendedor visionário, de tenista de meia tigela a DJ concorrido, de amante cinéfilo a pai dedicado.
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