Bryce Dessner, Padma Newsome, Rachael Elliot e Thomas Kozumplik são os músicos que compõem este ensemble de música de camara avant-garde. Apesar da sua base musical ser música clássica,a sua sonoridade abrange campos tão distintos como o jazz ou o post-rock.
Com cinco álbuns de originais já editados ( Thom’s Night Out- 2001 / Lullaby for Sue- 2003 / Stick Music- 2004 / Lantern- 2006 / The Creatures in the Garden of Lady Walton- 2010) e dois EP’s ( Veil Waltz- 2010 / The Sundown Song- 2013), o grupo tem vindo a destacar-se cada vez mais no panorama da musica alternativa. Destaca-se, sim, mas não apenas pelo seu ritmo de criação, por exemplo: a sensibilidade cristalina da sua sonoridade, a simplicidade inocente e, como é óbvio, a exímia qualidade das suas composições/interpretações servem para reforçar ainda mais este destaque.
A música de que se fala, “Last Song”, do álbum mais recente do quarteto, conta com a participação do carismático vocalista dos The National, Matt Berninger, e é o expoente máximo da profundidade sensível que é o som de Clogs.
Um dedilhar de guitarra, suave, carinhoso, vai saltando de acorde em acorde e recebe-nos – é como se estivéssemos a chegar à nossa cama depois de anos a dormir em várias outras que não nossa. Os acordes vão evoluindo, os dedos passam a dançar mais pelas cordas, pelos travessões, até que, no espaço de um sopro, o oboé começa a aparecer. Do nada, brota do chão e ganhamos mais ternura, mais dormência. Somos assolados por uma sensação de conforto, de sorrisos de olhos fechados e braços no ar. O mundo que se forma na nossa cabeça, que, nesta altura, é o mesmo que dizer o mundo em que estamos de corpo e alma, é tranquilo, bege, quente. Mas, de repente, o bege escurece, o quente passa a morno, e a alegria vai se dobrando, vergando, até que se torna dor. Uma dor doce, uma melancolia vazia de esperança. O desgosto que Matt nos canta puxa todo o ar que nos dá forma e, aos poucos, vai-se vazando o contentamento acolhedor do início. Um coro distante reforça a neblina que entretanto se formou nos nossos olhos, Berninger continua, impiedoso, indiferente ao sofrimento que se ouve, o som oco do oboé também não descansa, passa a pautar o ritmo da guitarra que segue em piloto automático. Vamos chegando ao fim, agarrados pelo fascínio cego que temos por nos sentir mal, por estar tristes. Não é constante mas muitas vezes faz nos falta sentir assim. Este tipo de triste é bom para matar essa mesma fome: é um triste lindo, minimalista, cheio. De tal forma que muitas vezes até chega a duvidar se não é feliz. mas não, é triste. Muito. Belo, mas triste.
