Podia ser piada, mas não é. A Norah Jones e o Billie Joe Armstrong, o senhor Greenday para os mais desatentos, juntaram-se para gravar um disco de covers. Convenhamos que a piada seria ainda melhor se ela se tivesse cantado punk rock ou se ele se arriscasse no Jazz, ainda assim a opção escolhida não torna a história menos estranha. Escolheram um disco dos Everly Brothers, aparentemente, um dos marcos históricos da música folk norte-americana, Songs Our Daddy Taught Us.
Alguém resiste a uma boa piada?
Não sou fã da Norah Jones. Obviamente competente, obviamente senhora de uma bela voz e sempre muito bem acompanhada, para merecer o estatuto no Jazz teria de ser bem menos controlada, bem mais espontânea e, sobretudo, esticar bem mais a corda. No Jazz, o assunto é sério. Ainda assim, ouve-se muito bem, pois claro.
Também não sou fã de Greenday. Com uns bons 20 anos de carreira e, pelo menos, os últimos dez com estatuto de ‘Estádio Cheio’, há muito que não apresentam um original, verdadeiramente digno desse nome, decente. Ainda assim, sempre tiveram a escola certa e genica para compensar a falta de criatividade. Pois claro que dá para bater o pé. Punkpop?
E se, juntos, fossem cantar Folk?
É um disco sem pretensões. Não anunciam génio, não querem revolucionar o Mundo ou a música. Com um enredo com tudo para uma boa piada, mas pouco para dar um bom disco, Foreverly surpreende. Simples, entretém e mostra que afinal os artistas, que até são bons artistas, estão em forma. Billie Joel inventa uma nova voz, Norah Jones adapta-se na perfeição ao registo e a produção, como seria de esperar, é imaculada.
Um disco inesperado e que, na volta, no Jazz ou no Punk, até pode ajudar a desvendar dois mistérios. Será que a verdadeira arte da Norah e o do Billie é fazer música simpática?