A Banda do Mar é o prolongamento inevitável de uma amizade feliz e a três que, mais tarde ou mais cedo, havia de encalhar também no percurso profissional.
Desde que Marcelo Camelo e Mallu Magalhães assumiram o romance – quando ela ainda tinha 16 anos, hoje menina de 22 – que toda a gente esperava secretamente que as suas carreiras convergissem. Ela participou nos discos dele. Ele produziu o mais recente disco dela. Os dois cantam e tocam guitarra, violão e baixo. Faltava só mesmo o ritmo de uma percussão para os completar.
Fred Ferreira é talvez o nome que menos vos soa nesta história, mas se dissermos que é filho de Kalu, o baterista dos Xutos e Pontapés, e que faz as percussões para conhecidos projectos como os Buraka Som Sistema, Orelha Negra ou 5-30, o caso já muda de figura. O casal conhece o baterista e produtor há mais de dez anos e tratam-se como família. Marcelo é padrinho de Maria, filha de Fred. Na madrugada chuvosa de 25 de Dezembro de 2013, ano em que Mallu e Marcelo se mudaram para Portugal, era Fred quem os esperava no aeroporto. A Banda do Mar é o prolongamento inevitável de uma amizade feliz e a três que, mais tarde ou mais cedo, havia de encalhar também no percurso profissional: “Se não fossemos músicos, estaríamos abrindo uma Padaria: a Padaria do Mar”, brinca Mallu.
Ao longo das 12 faixas deste álbum de estreia, descobrimos um pop fofinho – que nada tem de piroso – que nos remete para o rock ‘n Roll dos anos 60, sobretudo o surf rock, e a Música Popular Brasileira da mesma época. O som é bonito, as letras são descomplicadas e falam das coisas boas da vida. Difícil será destacarmos uma específica canção num álbum tão homogéneo. Apenas dizer que as seis músicas cantadas por Mallu são talvez mais frescas, rockeiras e repletas daquele humor doce a que já nos habituou, como acontece em “Muitos Chocolates”, “Me Sinto Ótima” ou “Mia”; E que estas se vão intercalando com as restantes seis músicas a que Marcelo Camelo dá voz, num rock mais calmo, adulto e limpo, como é possível ouvir em “Dia Clarear”, “Cidade Nova” (Lisboa?) ou “Faz Tempo”. A simplicidade parece mesmo ser o motor desta Banda do Mar, que quase parece querer provar o quão errada está a velha máxima de que a tristeza é a melhor amiga da inspiração. Eles são pessoas felizes, dão-se incrivelmente bem e é isso que transmitem a quem os ouve.
A estreia homónima do grupo pode não entusiasmar quem espera que artistas bons como estes façam temas inovadores e elaborados, ou tratem de assuntos mais maduros. Marcelo volta à sua juventude quando está ao lado da sua doce e sorridente Mallu, enquanto o Fred faz questão de acompanhar de perto e dar ritmo a tal paisagem. E também isso é bom. Banda do Mar, o álbum, é simples, bonito e perfeito para os dias mais leves e solarengos. Banda do Mar, o trio, só queria celebrar uma boa e feliz amizade.