O novo trabalho de Ariel Pink, pom pom, é uma explosão de esquisitice. Em bom. Desde a capa do álbum duplo (são 17 faixas), cor de rosa tom de pastilha elástica, passando pelo nome – pom pom? Diz tudo – e seguindo para a sonoridade, nome das músicas e letras. Ariel Pink, neste décimo trabalho de estúdio (embora seja o primeiro em nome próprio, sem a banda The Haunted Graffiti), fez tudo o que lhe apeteceu, por mais nonsense ou idiota que parecesse.
A começar logo com «Plastic Raincoats in The Pig Parade», uma fanfarra cheia de efeitos, sintetizadores e quase carnavalesco, sobretudo no refrão. O tema apresenta perfeitamente o álbum, marcando o tom e avisando quem, incauto, experimenta a audição pela primeira vez: neste disco tudo é possível, incluindo sons de caixa de música, vozes infantis, manequins assustados e relinchar de cavalos. Tudo isto na primeira faixa.
À medida que o disco vai avançando a estranheza não diminui mas são acrescentados elementos rock (ou, se quiserem, quase a roçar o new wave e piscando o olho ao psicadélico), com as guitarras a soar a sintetizador (sempre) a marcar o tom logo em «White Freckles». A voz de Ariel Marcus Rosenberg vai marcando o tom enquanto ele canta, sim, sobre sardas.
O disco vai avançando sempre com toques de diferentes estilos («Four Shadows», a faixa seguinte, é quase glam-rock e até falsete a la anos 80 tem). «Not Enough violence» abusa dos sintetizadores, há synth-pop a rodos em «Not Enoug Violence», sátiras ao surf-rock em «Nude Beach-a-go-go», só para dar alguns exemplos.
Os dois singles, «Put Your Number on My Phone» (um pop bastante aceitável e que entra no ouvido mas que não é, de todo, a faixa mais brilhante do disco) e «Picture Me Gone» são bons aperitivos mas não mostram verdadeiramente o que se pode encontrar ao longo dos 67 minutos do álbum. «Black Ballerina» é, para mim, a melhor faixa, irreverente, impossível de parar de ouvir, divertida e irónica, com diálogos pelo meio («She’s a topless dancer, lad…» «whaaaat?», impagável). Uma palavra ainda para «Exile Frog Street» com, como o nome antecipa, coaxar de sapos ao longo da música. A sério.
O disco acaba por soar a uma explosão de cores e sons, carnaval e muita irreverência. Não é de espantar um trabalho destes vindo de Ariel Pink mas é de gabar a coragem. E, acima de tudo, o resultado: a dificuldade num disco destes é encontrar o equilíbrio e pom pom consegue-o na perfeição.