Os Time For T são a fusão das coisas boas. Um lote de instrumentos quase demasiado rico, mas que resulta estupidamente bem. Ouvi-los, especialmente ao vivo, é ser transportado para um mundo bonito e feliz, onde há mais passos de dança do que o costume. Vieram de vários países da Europa para encontrarem, em Brighton, a banda que os vai trazer hoje ao Optimus Alive.
Tiago é um dos possíveis Ts de Time for T – pode ser T de tea (chá) ou de outra coisa qualquer – e é o português que se acha um bom rapaz, mas que mais ninguém acha. Diz ele, com o seu sotaque britânico já enraizado e que se sente quando canta; mas toca guitarra como um bom português. O Juan, é o espanhol do grupo, toca percursão e está sempre a fazer omeletes. Depois temos os ingleses, que mantêm o rock’n’roll vivo na banda. Harry, da guitarra eléctrica, é o que chega sempre a horas; o Martyn, da bateria, é muito bom a fazer sopa de batata; e o Josh toca baixo e gosta de dominar o meio-campo com o pulso-de-ferro. Por fim, temos o suíço Oliver, que diz que é o divertido da banda, mas o Tiago acha que não. Falei com eles, enquanto preparavam o estômago para o seu concerto no Musicbox, em mais uma sessão do Offbeatz.
Como é que pessoas de tantos sítios diferentes se reuniram numa só banda?
Tiago: Mudámo-nos todos para Brighton mais ou menos ao mesmo tempo. Eu e o Oli conhecemo-nos primeiro, e através da banda dele e das festas em casa, conhecemos o Josh, o Juan… Foi só há um ano e meio atrás, mas começámos a tocar muito bem juntos.
Oli: Nós somos uma espécie de super-banda, tocamos todos em bandas diferentes antes, e o Tiago escolheu alguns, neste caso os seus amigos.
Tiago: Escolhi os meus favoritos! Mas foi difícil conseguir o Josh…!
Juan: E completamo-nos com o que fazemos.
Mongrel é o novo EP. Como foi o processo de trabalho?
Oli: Foi o Juan que produziu o EP, basicamente. O engenheiro do som.
Juan: Comecei uma empresa de produção com um parceiro, chamada “Outside the box” e foi um dos primeiros projectos que fizemos. Não tínhamos todo o equipamento que precisávamos para produzir um álbum, por isso foi mais longo, porque tivemos de fazer as misturas no computador. E foi difícil ser um elemento e também estar a gravar.
Oli: Gravámos e misturámos nós as músicas e como moramos quase todos juntos, à medida que o fazíamos, surgiam novas ideias.
Como é que o facto de serem originais de vários sítios influenciou a vossa música?
Tiago: Tens os meninos ingleses e depois temos o Oli da Suíça e eles nunca tiveram lá muita música… (risos) Ainda ouvem Bach e Chopin!
Oli: Não conhecia muito de rádio até ir para Inglaterra… Sou das montanhas! Mas não trago a música suíça tradicional, por exemplo…
Tiago: Traz o elemento Jazz à banda. O Oli e o Harry têm os instrumentos principais e têm o verdadeiro conhecimento de música e todos os outros são mais… aventureiros da música.
Joshua: Vimos de diferentes parte dos globo e todos temos a música que nos influencia e canalizamos essa música, que a maioria da banda não conhece, na forma como tocamos os nossos instrumentos. O Tiago, por exemplo, gosta da sua música africana, algo que eu nunca gostei até o conhecer.
Tiago: E o Juan que é o homem latino e que traz a música para mexer o rabo…!
Como é que encontram a vossa inspiração? É Brighton que vos dá a inspiração?
Tiago: Eu escrevo muitas músicas e costumava trazê-las para a banda com uma ideia fixa, e recentemente temos sido mais um colectivo. Trago uma ideia e mais alguém traz também e escrevemos juntos, mas normalmente sou eu que escrevo as letras e as melodias. Brighton é o lugar mais inspirador… Está cheio de mulheres bonitas, homens bonitos, coisas bonitas, mas com mau tempo. Ou seja, passas mais tempo em casa a escrever! Há uma vibração no ar, é um sítio muito artístico, por isso se te sentes desinspirado, sais à rua e conheces alguém que te vai fascinar.
Juan: É um lugar pequeno, portanto conheces personagens a toda a hora e voltas a vê-los! Não é conhecer alguém e nunca mais voltar a ver essa pessoa.
O Optimus Alive está a chegar. Qual é a sensação de fazer parte de uns dos maiores festivais em Portugal?
T: Sabe bem. Desde que foi anunciado que íamos tocar, as pessoas dão-nos muito mais credibilidade. Toda a gente diz “Ah, vão tocar a isso? Então devem ser bons!” O que é mentira! (risos) Mas é bom, ganhámos muitas competições… A banda do ano com a Antena 3, estamos nos Novos Talentos Fnac e ganhámos o live act, portanto vamos fazer um álbum com os Optimus Discos. E é óptimo estar no mesmo tamanho de letra dos Alt J!
E groupies? Alguma história que valha a pena contar?
Oli: Não estamos autorizados a ter! Mas tenho algumas groupies na Finlândia.
Martyn: O Oli trabalhou numa colónia de férias em que todas as raparigas se apaixonaram por ele. Foi o monitor da semana!
T: Digamos que todos temos namoradas lindas, à excepção do Harry, e provavelmente não teríamos namoradas tão lindas se não estivéssemos numa banda. Eu praticamente não tinha conhecido nenhuma rapariga até começar a tocar guitarra. O meu professor de guitarra disse-me que a melhor coisa em tocar guitarra são as raparigas!
Ouvi dizer que não dão entrevistas depois da meia-noite. Tiveram alguma… má experiência?
Oli: Eu diria que não podemos!
Tiago: Quando estamos bêbedos somos estúpidos. E quando entrevistas uma banda depois de um concerto, as pessoas estão embriagadas da música e da adrenalina, e também bebem… E depois já nada faz muito sentido, mas parece que faz.
Martyn: Não somos pessoas muito sérias.
Mas são pessoas boas. E bem inspiradas. E para os conhecerem um pouco melhor, ficam aqui aquelas que são as canções de cada um. Às vezes é mais fácil ler alguém pela música que ouve, do que pelas coisas que diz.
Tiago: Walk on the wild side – Lou Reed
Oliver: Riders on the Storm – The Doors
Harry: The Face of Love – Esbjorn Svensson Trio
Juan: Zombie – Fela Kuti
Joshua: Power of My Love – Elvis Presley
Martyn: Sleep Late My Lady Friend – Harry Nilsson