Por entre boa música e sacos/manta desdobráveis fomos ao enlameado backstage do palco principal falar com um dos nomes maiores do cartaz deste NOS Primavera Sound que acabou e deixou saudades.
Stuart Braithwaite, dos escoceses Mogwai, trocou uns curtos dedos de conversa connosco e podemos dizer que foi um prazer muito grande. Fiquem com a conversa, traduzida do seu inglês muito scotish (difícil comó’raio de decifrar, por vezes), e enviem-lhe dicas sobre música portuguesa… ele conhece pouco mas pediu referências.
Altamont: Para começar, uma pergunta sobre o nome de uma música vossa: Porquê intitular de “Portugal” uma faixa do Les Revenants?
Stuart: Na realidade, e infelizmente, não há grande história. Se me recordo bem, o John (Cummings) tinha com ele um livro sobre Portugal e nós tínhamos acabado de gravar o Revenants e precisávamos de nomes de músicas… pronto. Somos muito preguiçosos (risos).
Vocês já tocaram em Portugal várias vezes, em vários ambientes diferentes. O que acham do público Português? É verdade o que se costuma dizer sobre ele, que é diferente de todos os outros?
Sim, claro. Ao longo dos anos já cá tivemos imensos concertos, todos eles a correrem lindamente. São, acima de tudo, um público muito apaixonado.
E consegues destacar um desses concertos como um que vos tenha marcado especialmente?
Eu sou muito, muito mau com nomes, mas acho que o que demos no último festival ( Paredes de Coura, 2011) em que participámos, aqui em Portugal, foi muito bom. Assim de repente apontava-o como o melhor que demos cá.
E quais são as vossas expectativas para o NOS Primavera Sound?
Esperamos que seja óptimo! No Primavera de Barcelona tivemos, provavelmente, o nosso melhor concerto do ano, por isso esperamos que aqui consigamos ser ainda melhores.
Há algum nome do cartaz que vos interesse em especial?
Imensos! Quero muito ver Television, Slowdive, Pixies… Tenho pena de só poder ver um bocadinho de Loop, gosto imenso deles. Shellac também me vai dar muito gozo. De um modo geral, acho que está um cartaz muito forte.
E música Portuguesa? Tens alguma referência?
Antes de mais, devo avisar que sou terrível em decorar de onde vem a música que gosto de ouvir. Por isso tenho imensa pena em afirmar que não conheço quase nada… Mas hey! Quero umas recomendações!
Falando sobre o vosso processo de criação, e tendo em conta que os Mogwai fazem música com e sem voz, há alguma diferença relevante na maneira de compor tendo ou não acompanhamento vocal?
Nem por isso… nós costumamos sempre privilegiar a instrumentalização no processo de criar música. A voz, quando se justifica a sua presença e, de facto, é utilizada, costuma vir depois. Basicamente o processo é o mesmo, simplesmente adicionamos uma “pitada” diferente no final.
E em relação ao vosso último álbum, Rave Tapes: como acham que o público o tem recebido?
Felizmente posso dizer que tem tido um feedback muito positivo, achamos. Parece-nos que ,de maneira geral, o público está a gostar de nos ouvir, nesta sonoridade mais diferente que a dos álbuns anteriores. Quando as tocamos ao vivo, a receção é encorajadora.
Como dizias, a sonoridade deste novo trabalho é bem mais diferente do que a dos anteriores. Isso foi propositado ou simplesmente aconteceu?
Acho que simplesmente aconteceu, para ser sincero. É , mais que tudo, um sinal de progresso em relação àquilo que temos vindo a fazer desde o Hardcore Will Never Die. Foi bastante natural, tal e qual como nós gostamos.
Para terminar, o que é que o Stuart Braithwaite dos Mogwai gosta de ouvir?
Aos meus ouvidos, há muito no Rave Tapes, por exemplo, que soa a Tangerine Dreams ou a Krautrock… Assim de repente, isso é o que eu me lembro.
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Fotos: Francisco Marujo