E eu que pensava que este era um disco mau. Mas afinal, não é. Só que tudo indicava que fosse. O primeiro single, “Alien Days”, não é nada de especial. Depois, em entrevistas, os MGMT diziam que a música deste disco, talvez não fosse música que eles próprios quereriam ouvir. E portanto, antes de ouvir o disco, as minhas expectativas eram poucas. Melhor assim, que fui surpreendido.
MGMT é um óptimo disco. Não é o melhor dos MGMT, mas é um belo álbum. Quem gostou dos anteriores, vai gostar deste. Quem não gostou, provavelmente, vai continuar sem gostar, mas não perde nada em experimentar ouvir o disco.
Não é imediato, não tem singles como “Kids”, “Time to Pretend” ou “Flash Delirium”, mas tem uma série de boas canções, que mostram também que os MGMT são coerentes com a linha que vêm seguindo. Com o disco de estreia, em 2008, os 2 jovens universitários criaram hinos de uma certa geração, ganharam a atenção da comunicação social e foram engolidos pela mediatização da indústria pop. Não estavam à espera, não era algo que quisessem, e acabaram por se dar mal, esse sucesso causou-lhes azia. Para o segundo disco, em 2010, já começaram a afastar-se desse universo e a borrifar-se para as opiniões exteriores. Em 2013, continuam no mesmo trilho, fizeram a música que lhes apeteceu, sem ligar à indústria e, se possível, defecando um pouco nessa mesma indústria.
E assim, nasceu MGMT, sem quaisquer pretensões que não a de fazer a música que lhes sai das veias, no momento em que a fazem. Mesmo que uma semana depois não gostem dela. Dos 3 discos de Ben Goldwasser e Andrew WanWyngarden, este é o mais calmo, mais introspectivo e menos ansioso. Nota-se que eles estão mais serenos. Está lá as marcas tradicionais – o psicadelismo, as divagações, a exploração de ambientes sonoros espaciais – mas concretizadas de forma menos frenética, mais contemplativa.
É um disco ideal para ouvir de auscultadores (moderadamente alto para não causar danos irreversíveis) para captar todos os elementos e pequenas subtilezas que se vão desvendado a cada nova audição.
Pode não ser o melhor disco dos MGMT, mas ainda bem que foi feito, para provar que eles, enquanto banda, não são uma moda, não vão em modas e não tratam a música como um objecto, fazem amor com ela. E só deixam água na boca para futuros discos, que espero que sejam vários.