São tantos os álbuns que são editados todos os anos que é inevitável deixar passar vários, sem lhes darmos o devido reconhecimento. Este Adam Green & Binki Shapiro dos próprios é mais um caso desses. Mas não faz mal, estamos sempre a tempo de os pôr em repeat contínuo até descobrirmos outro que seja capaz de nos tirar deste casulo.
Para Adam Green não é novo trabalhar a meias com uma mulher. Era assim no seu projecto The Moldy Peaches em que seduzia em conjunto com Kimya Dawson. Tiveram o seu auge com “Anyone Else But You”, música imortalizada por Ellen Page e Michael Cera em Juno, mas acabaram por não durar muito tempo juntos. Green cedo se lançou numa carreira em nome próprio até que, duma forma muito discreta, editou com Binki Shapiro o EP Fall, que, graças a Deus, se transformou em colaboração maior.
Binki Shapiro chegou aqui depois de algumas colaborações com Beck e depois de ter juntado Fabrizzio Moretti, baterista dos Strokes e Rodrigo Amarante, esse mesmo que lançou recentemente Cavalo e que era cara dos Los Hermanos. Esse projecto, no qual Shapiro fez parte, chamava-se Little Joy.
São portanto dois nomes que se juntaram com uma certa lógica. Ouvindo o percurso de ambos, cedo percebemos que aqui pouco ou nada podia falhar. E a premissa confirma-se. Adam Green & Binki Shapiro é um álbum de harmonia muito boa. Música após música sentimos um romantismo que faz lembrar algo vindo dos sixties. São canções inteligentes, genuínas e íntimas. Engraçado como a penúltima música se chama “Don’t Ask For More” e a nossa vontade é precisamente o oposto. Queremos mais. Depois de ter trabalhado com Moretti e Amarante, Shapiro escolheu Green. Não são três nomes quaisquer. São os 3 imensamente talentosos, músicos e compositores viciantes. E tudo em que Binki Shapiro toca, transforma-se em ouro. Aqui estão eles.