Em fevereiro de 1988, um rapaz de 16 anos do Minnesota, chamado David Brom, matou a família inteira (os pais, um irmão e uma irmã) com um machado. Nessa mesma altura, os Negativland viram-se forçados a cancelar uma tour para promoção do seu primeiro álbum “Escape From Noise” por razões financeiras. Aproveitando o trágico acontecimento, a banda emitiu um comunicado afirmando que haviam cancelado a tour por terem sido aconselhados pelo agente federal Dick Jordan a não sairem da cidade devido uma investigação sobre o assassinato dos Brom . Houve igualmente um comunicado de imprensa que insinuava que Brom tinha ouvido a música ” Christianity is Stupid”, dos Negativland, antes do ataque fatal aos seus pais extremamente religiosos (e consequentemente aos seus irmãos). Na realidade, não havia nenhum funcionário com o nome “Dick Jordan” e Brom não possuía qualquer música dos Negativland. A investigação do assassinato revelou mais tarde que ele só tinha o segundo álbum “Zen Arcade” dos Hüsker Dü, banda que pertencia curiosamente à mesma editora que os Negativland, a SST Records . No entanto, especialistas e jornalistas tomaram o comunicado de imprensa como válido, e o embuste recebeu alargada cobertura mediática. Após uma vasta disseminação da história, o agrupamento recusou-se firmemente a produzir mais comentários, a conselho de seu advogado “Hal Stakke”, outra entidade fictícia inventada pela banda. Como resultado dessa cobertura mediática negativa, a casa de Richard Lyons em Oaklan, Califórnia, foi alvejada com pedras por um vândalo desconhecido. É possível escutar alguns samples extraídos desse frenesim mediático no álbum “Helter Stupid” de 1989. Is there any escape from noise?
Negativland
João Afonso
Se me perguntassem hoje o que é que queres ser, eu diria não sei. Mas há duas outras três coisas que tenho a certeza absoluta. Uma delas é a música. Nunca aprendi por achar uma seca ler pautas. Por isso prefiro tocar de ouvido. E ouvir muita, muita música! De A a Z, até enjoar. O que acaba por nunca acontecer. E daqui poderia partir para uma teorização mais ou menos filosófica do que é a música. Ora, vou poupar-vos a esse desmazelo retórico. Tirem-me o cabelo, tirem-me o bacalhau, tirem-me a viagem de um mês à Nova Zelândia, mas por favor não me tirem a música. Isso não…
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