AUDIO VERTIGO, décimo disco dos Elbow é uma das melhores coisas que os ingleses fizeram nos últimos anos. Mas merece constar entre os melhores discos do ano?
Para os mais distraídos, os Elbow ainda andam a lançar discos. O primeiro, Asleep In The Back, de 2001, foi suficiente para a banda ser nomeada para um Mercury Prize e um BRIT Award. Desde aí até agora foi um pulinho, sempre a lançar discos, sempre a tentarem uma reinvenção, sempre com sucesso misto. Ganharam um Mercury Prize em 2008 e juntam nomeações como se fossem uma das bandas inglesas mais importantes dos últimos 20 anos. Que são, mas nunca nos lembramos deles.
Então este ano surgiu AUDIO VERTIGO (assim escrito), álbum que se estreou em primeiro nas tabelas de vendas do Reino Unido.
O disco tem bastante groove, bastante produzido (as más línguas dirão sobreproduzido) com um amplo espaço para a bateria e com letras que, de acordo com Guy Garvey, vocalista, são inspiradas por relações passadas, algumas histórias mais autobiográficas como em “Very Heaven”, quando Garvey saiu da cada dos pais (17 says help me find my people) ou até uma homenagem a Taylor Hawkins, o falecido baterista dos Foo Fighters que a banda conheceu no México, “Good Blood Mexico City”, escrita na maioria pelo guitarrista Mark Potter. Apesar de não ser uma homenagem óbvia, as guitarras e bateria fazem lembrar o grupo liderado por Dave Grohl.
Para mim a primeira canção é um tema clássico dos Elbow. “Things I’ve Been Telling Myself For Years” é cool, é algo sombrio mas também com noção e com piada “Of course I’ll live to 96 and fix the welfare state”.
O álbum presta-se a uma excelente audição, daquelas que funciona tanto para escutar com atenção como para fazer companhia enquanto estamos concentrados numa tarefa. Isso é obra e significa que se sente equilibrado aos ouvidos. Podemos deixar os sintetizadores, os pads, os coros, os sopros e as baterias, guitarras, baixos e voz tomarem conta de nós durante 39 minutos.
AUDIO VERTIGO faz também lembrar a viragem dos Arctic Monkeys desde Tranquility Base Hotel and Casino a um som mais lounge, mas para os Elbow não é tanto uma nova abordagem musical mas sim uma evolução. Já em 2001 eles brincavam com os sons lânguidos do triphop e neste Audio Vertigo não parecem ter aterrado muito longe. O que faz deste AUDIO VERTIGO um dos melhores lançamentos dos Elbow. Então, a resposta à pergunta da primeira frase é sim.