Com o verão à espreita, Rodrigo Amarante anunciou que voltava a Lisboa em setembro, com um concerto marcado no B.Leza. A procura foi tanta, que rapidamente os bilhetes esgotaram e foram marcadas mais duas datas e, de repente, tivemos direito a três dias seguidos do músico.
É notória a popularidade de Rodrigo Amarante em Portugal. Desde o tempo de Los Hermanos (banda com outro querido dos portugueses, Marcelo Camelo), já perdemos a conta a quantidade de vezes que o músico deu concertos cá. A vinda mais recente tinha sido em abril de 2022, no Capitólio
Com as três datas esgotadas, o B.Leza encheu-se para receber Rodrigo Amarante. À porta do B.Leza, antes mesmo de começar o concerto, alguém dizia “vim ao primeiro concerto e agora vou ao último!”. Esta frase, dita com entusiasmo pelo fã, ditava a expectativa do concerto: público ansioso por comungar com o músico e por se envolver nas músicas sentimentais.
Já esperávamos, mas o B.Leza comprovou ser o espaço perfeito para este tipo de concerto: ambiente acolhedor, sem ser opressivo, som sem falhas (percebemos que houve uma atenção especial pelo pessoal do bar) e uma sintonia equilibrada entre músico e público.
Rodrigo Amarante apareceu em palco, pouco depois da hora marcada, com a sua guitarra parlor. Sempre tímido e até envergonhado nos primeiros instantes, após um breve “Olá, meus amigos!”, o cantor sentou-se e começou com o clássico “Evaporar”, do projeto Little Joy, banda que formou em conjunto com Fabrizio Moretti (The Strokes) e Binki Shapiro e cujo único álbum lançado em 2008 se tornou num clássico instantâneo.
Ao longo de quase 1h30, Rodrigo Amarante tocou bonitas canções dos seus álbuns a solo (Cavalo e Drama), com tempo para nos brindar com “Coração Vagabundo” (Caetano Veloso), “Pode ser” (Orquestra Imperial – outro projeto da qual faz parte), o clássico “Tuyo” da série Narcos (Netflix), terminando o concerto com uma versão acústica do “Vento” (Los Hermanos).
O público foi sempre muito receptivo e caloroso, de sorriso constante nas caras, escutando com cuidado o cantor. Em certas músicas, foi palpável a vontade de o acompanhar na cantoria, sobretudo em músicas como “Tardei”, “Maré”, “Irene” e “Vento”, mas sempre de forma tímida e respeitosa. Claro que também houve espaço para alguém gritar “canta aquele samba do João Gilberto”, ao que Rodrigo Amarante brinca e termina a “Pode Ser”, cantando “O que é que a Baiana tem” (conhecida por ter sido interpretada por Carmen Miranda), perguntando “era essa que você queria?”.
Ao longo do concerto, o artista foi ficando mais descontraído, interagindo com o público, com sorrisos sinceros e tentativas honestas de falar com sotaque PT-PT (gostámos particularmente dos vários “foda-se” que foram ditos com este sotaque, ao longo do concerto).
Rodrigo Amarante, mesmo com algum cansaço a transparecer (três datas -esgotadas- seguidas!), presenteou-nos com um bonito concerto, como sempre.
Setlist:
Evaporar
Nada em Vão
Mon Nom
Tardei
Tara
I Can’t Wait
Maré
Pode Ser (Orquestra Imperial)
Meu Coração Vagabundo (Caetano Veloso)
Tuyo
Irene
Ribbon
Fall Asleep
Cavalo
The End
Encore:
Um Milhão
Vento (Los Hermanos)
Fotografias por Vera Marmelo







Excelente comentário do concerto!!!