Aviso à navegação – serei totalmente tendencioso na análise que será feita de seguida. Os Yo La Tengo só entraram na minha vida corria o ano de 2007, mas rapidamente e com uma aparente tranquilidade foram-se instalando e conquistando, à boa moda de uns exércitos de uma qualquer cor do Risco que começa pela Oceania (para quem não sabe, é perfeitamente óbvio que o segredo do jogo é a Oceania) e vai por aí fora até atingir o objectivo final – a conquista do mundo. Estas conquistas, consubstanciadas pela descoberta gradual de toda a sua discografia anterior tem sido um deleite para a minha pobre alma e continua. Ao ponto de não ter quaisquer dúvidas em estrear os magníficos cadeirões no seu concerto pós lançamento do anterior Fade. Introdução feita, avancemos para Stuff Like That There.
Delicioso álbum. Repetição de uma fórmula já testada pela banda há 25 anos atrás em Fakebook, constituído por um misto de novas músicas, com covers de outras bandas e novas versões de músicas próprias, consegue mesmo com este pressuposto soar a um álbum da banda única que são os Yo La Tengo. Começando pelo óbvio – a versão de “Friday, I’m In Love”, pela qual a banda tem sido colocada em causa pelo aproximar ao mainstream – não há como criticar algo tão simples e saboroso. “Somebody’s In Love”, descoberta no meio de centenas de músicas de Sun Ra é uma pérola. Depois há as covers de músicas próprias. Neste campeonato, temos também uma disparidade notória; se em “All Your Secrets” (Popular Songs) e em “The Ballad Of Red Buckets” (Electr-O-Pura) a variação é interessante mas pouco convincente, já em “Deeper Into Movies” (I Can Hear The Heart Beating As One) é como se uma música totalmente nova tivesse sido construída. Por fim, as novas músicas, apenas duas mas ambas claramente “yolatenguianas” versão Fade. Eu sinto falta de riffs insanos da guitarra de Kaplan ou de um baixo repetitivo de James McNew, mas tenho bom remédio, deixo Stuff Like That There chegar ao fim e é inevitável pegar num outro qualquer álbum e depois outro e depois outro e a vontade fica saciada. “For a while, at least”.
Versões de bandas tão diversas com Sun Ra, Hank Williams, The Parliaments, os Lovin Spoonful, para além dos já em cima citados The Cure mostra a riqueza de influências que os Yo La Tengo incorporam na sua própria palete musical, e que, por sorte, vêm partilhando connosco nos últimos 30 anos. Como não os amar inquestionavelmente?