Incompreensivelmente apelidado de foleiro (exceptuando as raríssimas vezes em que o termo é elogio encapuzado), parece-me incontestável que Born in the U.S.A. é pelo menos um dos cinco melhores discos do “Boss” (arriscaria até colocá-lo no “top 3”, mas não quero ferir as susceptibilidades dos meus muito pouco susceptíveis — e diminutos — leitores). Para prová-lo trago-vos hoje “Working on the Highway”, maravilha eightiana que o compõe.
O tema, que não teve a sorte de ser um dos singles que compõe o disco, é ainda assim suficientemente bom para que esteja regularmente nos alinhamentos dos concertos do Boss e da E Street Band. Qual voz inquieta da classe trabalhadora (o que, convenhamos, é tudo menos novidade em Springsteen), tem um registo dançável (comum a vários dos temas do álbum), aqui e ali sarcástico, meio desgraçado meio esperançado, meio humano meio robotizado, como se todos os problemas não passassem afinal de uma longa brisa pela auto-estrado do sonho americano.
“I work for the county out on 95 / All day I hold a red flag and watch the traffic pass me by / In my head I keep a picture of a pretty little miss / Someday mister I’m gonna lead a better life than this”
Abram as discotecas, está na hora.