Umas calças de ganga brancas dão para tudo. Podem ficar bem numa ocasião que requeira mais elegância, como um trabalho gravado; mas também têm a vantagem do conforto, ideal para uma situação mais casual, como um concerto em que é preciso rockar. Os White Denim parecem ter esta intenção. São rednecks elegantes com uma casualidade sofisticada.
Ao contrário do que tem sido dito por aí, este disco não é o trabalho mais acessível dos White Denim. É um disco com menos tensão e é certamente menos punk que, por exemplo, Fits (2008). Como até agora, o espírito do rock saloio da América dos anos 70 continua rei (olá, Skynyrd e e Creedence). E, situados num nível de evidência, estão riffs, ganchos e linhas melódicas. São a versão formal, mais preocupada com as canções do que com o batuque rockeiro.
Corsicana Lemonade é o disco onde a besta ao vivo mais transparece, no trabalho do grupo até agora: acontece que os White Denim são, talvez, a melhor jam band da nossa geração. Mas o registo gravado é menos feliz, porque nenhum dos discos reflecte, nem permite reviver, a experiência incrível que é ver esta banda a mostrar, em concerto, como se sabe mexer. As canções, que têm valor sozinhas, tornam-se monumentos ao vivo. E os White Denim têm um baterista daqueles com uma das melhores características para um baterista: vontade de contrariar.
Este é um belo álbum. É pena que continue a não ter a força que a banda tem ao vivo. Os White Denim estão ainda para fazer essa transição, apesar desta ser sugerida em breves momentos, em quase todas as faixas gravadas neste disco. Esperemos que eles a desejem, porque são das mais poderosas e surpreendentes bandas que vamos ter a oportunidade de ver nesta década. Por agora, as calças continuam a ficar por sujar no concerto e lavar depois.